Sindicatos da Europa preparam-se para uma jornada de manifestações nestaquarta-feira (14/11/2012) em protesto contra os cortes em serviços de bem-estar social exigidos pela Comissão Europeia para a concessão de novos empréstimos.

Em Portugal, país que vive uma onda de privatizações de serviços públicos, esta será a terceira greve nacional em 16 meses de governo conservador. A diferença é que, desta vez, as mobilizações não contarão com o apoio do segundo maior sindicato, a socialista UGT. O grupo reiterou sua rejeição às medidas de austeridade, mas decidiu não renovar sua aliança com o comunista CGTP.

Na Grécia, a principal confederação de sindicatos de trabalhadores do setor privado, GSEE, também integrará as manifestações e concordou com uma paralisação de três horas. Inicialmente havia sido convocada uma greve geral. No entanto, como na semana passada houve uma paralisação de 48 horas, foi feita a opção por apenas mais uma manifestação no centro da capital Atenas.

O principal sindicato da Itália, a CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho), convocou com outros sindicatos setoriais menores uma greve de quatro horas também para esta quarta. Além de integrar os demais movimentos operários da União Europeia, a paralisação italiana também protesta especificamente contra o orçamento do governo do premiê Mario Monti para 2013.

Na França, os cinco principais sindicatos convocaram funcionários públicos e privados a integrar o que já é classificado pela imprensa local como “um protesto da Europa”. Trabalhadores da maioria dos departamentos do país confirmaram que participarão das manifestações e alegaram que reivindicarão à Comissão Europeia um projeto de coordenação econômica capaz de respeitar programas sociais do Estado.

Embora na Bélgica não tenha sido convocada uma greve geral, setores como o de siderurgia e serviços ferroviários devem interromper suas atividades para protestar contra a austeridade diante das embaixadas de Espanha, Portugal, Grécia, Chipre, Irlanda e Alemanha. Também está prevista uma marcha até a sede da Comissão Europeia. Lá, uma delegação de operários pretende se reunir com o presidente José Manuel Durão Barroso.

Sindicatos holandeses, por sua vez, preferiram organizar uma conferência para expressar sua solidariedade com os trabalhadores europeus em dificuldade. O mesmo ocorrerá em Luxemburgo, onde as associações trabalhistas planejam palestras em empresas e uma reunião com o primeiro-ministro Jean-Claude Juncker.

Operários alemães preferiram adiar a maioria das manifestações em um dia. Já na noite desta quarta-feira, no entanto, haverá um desfile noturno em Aachen. Já a ÖGB (Confederação de Sindicatos), da Áustria, decidiu limitar sua participação a uma coleta pública de assinaturas em um documento intitulado "todos somos gregos". Posteriormente esses abaixo-assinados serão enviados aos sindicatos da Grécia como demonstração de solidariedade.

A chamada Coalizão da Resistência, no Reino Unido, organizou um protesto diante da sede londrina da Comissão Europeia. Na Irlanda não há previsão de nenhuma ação sindical.

As políticas de austeridade tem sido devastadoras para a classe trabalhadora dessa região. Hoje na Espanha 13 milhões de pessoas, cerca de 27% da população, vivem abaixo da linha de pobreza. 

A Grécia vive níveis de recessão semelhantes aos de tempos de guerra com 1,15 milhão de gregos desempregados, desemprego juvenil de cerca de 54,9%, além de 30% da população estar abaixo da linha de pobreza. 

Portugal ultrapassa os 15% de desempregados e o governo pretende aumentar o tempo de trabalho (gratuitamente), com cortes nos salários e nos subsídios de férias e de Natal, desregulamentar os horários de trabalho e introduzir o banco de horas e novas formas de adaptabilidade para fomentar o agravamento do desemprego e da precariedade dos vínculos laborais. 

As consequências para os trabalhadores e trabalhadoras portugueses e as suas famílias são brutais: empobrecimento generalizado; regressão drástica das condições de vida dos portugueses; perda da qualidade e da esperança média de vida.

CUT realiza ato de solidariedade aos trabalhadores europeus no dia 14 – A CUT realizará em conjunto com as outras centrais brasileiras um ato nesta quarta, dia 14 de novembro, às 11 horas, em frente ao Consulado da Espanha, na Avenida Brasil nº 948, em São Paulo.

A manifestação será em solidariedade à triste situação que as trabalhadoras e os trabalhadores europeus estão enfrentando diante da crise, em especial a Grécia, Portugal e Espanha.  Para o dia 14 foi convocada uma greve geral nesses três países. Na Itália e em vários outros países europeus estão previstas diversas atividades de solidariedade.

Fonte: Contraf-CUT, CUT e Opera Mundi.


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