Esta quarta-feira (14) é o dia escolhido pelas principais organizações de trabalhadores da Espanha e Portugal para uma greve geral contra as chamadas medidas de "austeridade", adotadas pelos governos para enfrentar a crise financeira na Zona do Euro e que impõem cortes em programas sociais, redução dos direitos trabalhistas e aumentos de impostos.

São previstas manifestações também em países como Itália, Inglaterra, França e Grécia. Centrais sindicais brasileiras programaram um ato de apoio ao movimentos dos trabalhadores europeus, em São Paulo.

Já no início da manhã, milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades da Espanha e de Portugal, com dezenas de prisões registradas, em decorrência de confrontos entre manifestantes e a polícia nos dois países.

Na Espanha, embora o governo conservador de Mariano Rajoy fale que o país se encontra em um estado de “normalidade”, destacando o cumprimento dos serviços mínimos, houve grande adesão no setor industrial e nos transportes.

De acordo com dados da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CC OO (Confederação Sindical de Comissões Operárias), principais sindicatos que organizaram a paralisação, o balanço das dez primeiras horas de greve contabiliza participação massiva nos setores da indústria siderúrgica, automobilística, química e construção civil.

As associações afirmam que há paralisação de quase 100% nos portos (a exceção de 90% em Bilbao e 50% em Melilla), 90% dos aeroportos e no transporte rodoviário e ferroviário. “A paralisação na indústria foi quase total, embora tenha havido menor incidência nas fábricas da Renault e da Citroen”, afirma o secretário de comunicação da UGT, José Javier Cubillo. Em Madri, a greve paralisou totalmente o serviço de metrô, segundo a UGT. Até as 6h da manhã, 131 voos e aterrisagens foram cancelados e apenas 28 foram operacionalizados.

Os dois grupos esperam que a alta adesão da indústria e dos transportes acabe por fazer com que o comércio seja afetado e não abra suas portas, o que já é verificado em ruas de Madri onde ocorrem os protestos. Alguns grandes estabelecimentos comerciais, como o El Corte Inglés, abriram sob forte proteção policial.

Portugal

Em Portugal, a greve foi convocada pela CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal). A UGT (União Geral de Trabalhadores) não aderiu ao protesto, mas diversos sindicatos ligados a essa central optaram por convocar seus integrantes à adesão.

O transporte coletivo está praticamente paralisado nas principais cidades portuguesas, afetando ônibus, metrôs e bondes.

O líder da CGTP, Arménio Carlos, criticou a presença de policiais e de forças especiais de segurança, como a tropa de choque, junto a piquetes de greve em Lisboa, classificando-as de “brutalidade”. “Esta pressão reflete o clima de preocupação do governo, que sabe que perdeu até a sua base de apoio eleitoral. Mesmo as pessoas que votaram PSD (Partido Social Democrata) e CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular) [que formam o governo] estão zangadas, revoltadas, e a utilização de forças de segurança, que deveriam estar a combater o crime, para intimidar os trabalhadores e os sindicatos é uma atitude inadmissível e um exemplo de brutalidade”, diz o sindicalista.

Austeridade

As medidas de austeridade da Espanha para reduzir o déficit público são a única maneira para o país sair da crise econômica, afirmou o ministro da Economia, Luis De Guindos, no momento em que trabalhadores em todo o país realizam a greve geral.

"O governo está convencido de que o caminho que seguimos é o único possível, a única maneira de sair da crise", disse De Guindos a jornalistas em Madri. "O governo vai cumprir todos os seus compromissos… é uma prioridade não porque é imposta por Bruxelas, mas porque precisamos reduzir a dependência do setor público espanhol por crédito", completou ele, referindo-se às metas de déficit da Espanha.

Já em Portugal, a recessão aprofundou-se no terceiro trimestre, com a demanda doméstica prejudicada pelo programa de austeridade imposto sob o resgate internacional do país. A economia contraiu 3,4 por cento na base anual, informou também nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), já ultrapassando o índice de 3,2 por cento do trimestre anterior.

Esse resultado marcou o sétimo trimestre consecutivo de contração, naquela que é a recessão mais profunda do país desde a década de 1970, e acompanha retrações econômicas prolongadas em países periféricos da zona do euro.

Fonte: Rede Brasil Atual.

 


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