O economista Jorge Mattoso, que foi presidente da Caixa Econômica Federal no primeiro governo Lula, avalia que os projetos econômicos de Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) são "muito próximos" e sofrem pressão do setor financeiro. Já as propostas da candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), na avaliação de Mattoso, objetivam dar continuidade ao "de crescimento econômico acompanhado de redução da desigualdade social."

A principal crítica do economista ao projeto de Marina é a independência do Banco Central (BC). Para ele, as propostas "neoliberais" da candidata são contraditórias a sua história. "É surpreendente, mas eu acho que diz respeito a esse domínio que o setor liberal e o pensamento voltado ao passado tem sobre a candidatura dela", considera em entrevista à Rádio Brasil Atual.

A independência do BC, bandeira que tem sido defendida por Marina, é compreendida pelo economista como uma tentativa de tornár o órgão um quarto poder. "Ao se definir a independência do Banco Central, você está criando um quarto poder que não é submetido as regras democráticas, esse é o problema central", diz. O controle da inflação e a política monetária são responsabilidades das políticas do BC, que devem atender aos interesses da sociedade. Nesse sentido, a independência resultaria em práticas definidas pelos interesses do setor financeiro.

A elevação dos juros, por exemplo, pode significar retração econômica, aumento do desemprego, elevação da desigualdade. "A pergunta que se tem que fazer é: Independente de quem? Para quê? Por quê?", questiona. Mattoso critica as posturas de Marina e Aécio, a quem acusa de "fugir da discussão sobre distribuição de renda."

Na opinião do economista, o debate eleitoral foge dessa questão e alimenta o pessimismo econômico. Por isso, Dilma tem dificuldades em apresentar os avanços sociais de seu governo e do ex-presidente Lula. "Eu acho que Dilma tem deixado claro, nos seus programas eleitorais, a redução histórica da desigualdade acompanhada de crescimento econômico, mas nos debates, nas entrevistas, isso não fica suficientemente claro, porque as perguntas não dão espaço para isso, são dirigidas a questões pontuais e equivocadas."

Ouça a entrevista completa na Rádio Brasil Atual.

 

Fonte: Rede Brasil Atual
 


Compartilhe este conteúdo: