A Contraf-CUT criticou duramente a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25 % ao ano, depois de sete altas consecutivas, anunciada durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrida na última quarta-feira (3), em Brasília. Para a entidade, a taxa sendo mantida em um patamar tão elevado é uma espécie de rendição ao setor financeiro, impede a retomada do crescimento, aumenta o desemprego e aprofunda a recessão econômica.

A justificativa que tem sido dada para a manutenção das maiores taxas de juros reais do planeta de "combate à inflação" não se sustenta e é mais uma construção político-ideológica, que visa exclusivamente manter os privilégios de uma casta rentista, com visíveis prejuízos aos país.

Isso se torna ainda mais grave em uma conjuntura de forte desaceleração econômica como a que o país está vivendo. Taxas de juros elevadas combinadas com as medidas de ajuste fiscal que têm sido implementadas pelo governo só irão agravar ainda mais esse quadro.

"Nossa Confederação participou de um debate chamado pela CUT, que reuniu categorias em campanha salarial, para avaliar a conjuntura preocupante em que estamos negociando nossas reivindicações. Manifestamos nossa preocupação com os rumos da política econômica e com os equívocos que levaram à escolha desta elevada taxa Selic", afirma Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT.

"Ela contribuiu muito, ao nosso ver, para a ampliação das dificuldades que as categorias estão encontrando nas negociações. Os resultados do acompanhamento feito pelo Dieese que mostram isso", destaca.

Campeões em juros

O Brasil vem crescendo pouco, arriscando as conquistas dos últimos anos, basicamente porque somos campeões mundiais em taxa de juros. Isto num contexto em que boa parte dos países do mundo vêm praticando taxa de juros reais negativas ou muito baixas.

Não há economia que consiga deslanchar com a combinação de superávit primário elevado e as maiores taxas de juros do planeta. Com a economia mundial enfrentando a pior crise dos últimos 86 anos, a política de juros estratosféricos e as transferências de recursos públicos aos rentistas representam uma espécie de rendição ao capital financeiro.

"Essa elevada taxa Selic está apontando para um cenário recessivo que vem gerando um ambiente adverso para as negociações coletivas e que vai, rapidamente, levar ao desemprego, ao arrocho salarial e à precarização das relações de trabalho. Dificulta muito a vida dos trabalhadores! ", ressalta o presidente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT e Dieese

 


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