O painel de abertura do 12º Congresso Estadual da Fetrafi-RS contará com um dos maiores pensadores da esquerda latino-americana. O sociólogo e cientista político, Emir Sader falará sobre a atual conjuntura política e econômica no país e no mundo. O Congresso inicia no dia 18 de março, às 18h, na nova sede da Fetrafi-RS, em Porto Alegre. A programação se estende até o dia 19, sábado. Ao longo de dois dias de debates e deliberações também será eleita a nova diretoria da Federação para a gestão 2016/2019.

Em artigo publicado nesta quarta-feira no portal Brasil 247, Emir Sader analisa a crise política vivenciada pela esquerda latino-americana, que no seu ponto de vista tem enfrentado grandes dificuldades para eleger governos efetivos no combate ao neoliberalismo. "Se pode dizer que há duas esquerdas na América Latina e que ambas estão sofrendo crises, cada uma à sua maneira. Uma é a que chegou aos governos, começou processos de democratização das sociedades e de saída do modelo neoliberal e que hoje enfrenta dificuldades – de distinto tipo, desde fora e desde dentro – para dar continuidade a esses processos. A outra é a que, mesmo vivendo em países com continuados governos neoliberais, não consegue sequer constituir forças capazes de ganhar eleições, chegar ao governo e começar a superar o neoliberalismo”.

Breve histórico do painelista

Nascido em 1943, em São Paulo, segundo filho do imigrante libanês, Nahul Sader e da professora de piano Ercilia Simão, pais também de Eder Sader e Eliana Sade, o pensador estudou no Grupo Escolar Floriano Peixoto, engajou-se no movimento estudantil e a partir de então passou a sofrer forte influência do tio Aziz Simão. Através de Aziz, Emir entrou em contato com grandes intelectuais do pensamento crítico paulista como Antonio Cândido, Florestan Fernandes e Paulo Emílio Salles Gomes. Seu engajamento político o levou a formar, com Eder, a Política Operária (POLOP) que reuniu um grupo dirigente cujos integrantes se destacariam mais tarde como importantes referências intelectuais da esquerda latino-americana e mundial, como Ruy Mauro Marini, Michael Löwy, Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra, Moniz Bandeira e Paul Singer, entre outros.

Ingressou em 1962 no curso de filosofia da USP, onde graduou-se em 1965. Mestre em filosofia política, em 1968 defendeu a dissertação Estado e Política em Marx, frente à banca examinadora composta por Ruy Fausto, Bento Prado Jr. e Jose Arthur Gianotti. Perseguido politicamente pela ditadura, Emir passou a clandestinidade em 1970 e ao exílio no Chile, sendo condenado pelo regime militar, à revelia, a dois anos de prisão.

No Chile tornou-se professor assistente da Faculdade de Economia da Universidade do Chile e vinculou-se como pesquisador ao Centro de Estudos Sócio-econômicos (CESO) que reunirá parte do pensamento crítico mundial em seminários e conferências de grande impacto e notoriedade. Esta experiência foi destruída em 1973, pelo golpe militar chileno, quando então passou ao segundo exílio em Buenos Aires – onde sua segunda companheira, Maria Regina Marcondes Pinto, é assassinada e desaparecida pela Operação Condor durante a ditadura de militar dirigida por Jorge Rafael Videla –, seguido de períodos em Paris, Roma e finalmente Havana.

Fonte: Comunicação/Fetrafi-RS
 


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