A forma mais eficiente de se combater a desigualdade em uma sociedade é através do emprego. A história brasileira se fez de quase 400 anos de escravidão, seguidos de mais de 100 anos de desemprego e de subemprego generalizados. Nossa mão-de-obra baratasempre foi reconhecida e “admirada” por nos dar competividade.

Nos últimos anos alguns movimentos se sobrepuseram e começamos a mudar essa característica cruel do país. Nossos níveis de desmprego bateram recordes de baixa, em 2014 chegamos a menos de 5% de desempregados na Pesquisa Mensal do Emprego feita pelo IBGE.

O número de empregos formais, com registro em carteira e os benefícios de férias, 13o salário e previdência social subia ano após ano. Chegamos a um ponto em que tínhamos mais empegados registrados do que empregados informais. Um feito inédito nesse nosso Brasil que nunca perdeu seu ranço escravocrata.

A política de reajustar o salário mínimo acima da inflação e o baixo desemprego proporcionaram um nível de renda para os trabalhadores, especialmente para aqueles com pouca qualificação, nunca visto no Brasil. Tínhamos finalmente começado a tratar decentemente nossos trabalhadores. Até as empregadas domésticas tiveram a oportunidade de migrar para empregos melhores.

A divisão entre a renda do capital e a renda do trabalho tinha ficado mais justa. Afinal todos queremos um país que cuide e dê condições dignas de vida para os trabalhadores mais humildes e seus filhos.

A maior renda dos trabalhadores gerou mais consumo e o maior consumo foi muito positivo para a economia brasileira como um todo. De nada adianta as empresas pagarem salários muito baixos e não terem quem consuma seus produtos. É preferível gastar mais com a mão-de-obra e ter a certeza de que existe no país um forte mercado consumidor.

Muitos ficam repetindo que a crise que vivemos é resultado de termos começado a tratar nelhor nossos trabalhadores. Eles se esquecem de dizer que os políticos da oposição fizeram de tudo para atrapalhar a economia desde o dia seguinte à eleição. Se esquecem de dizer que a economia do mundo ainda não se recuperou direito da crise que começou em 2008. Se esquecem de dizer que a China diminuiu seu crescimento e que isso ajudou a derrubar os preços de produtos que o Brasil vende no exterior. Se esquecem de dizer que a operação Lava Jato contribuiu para paralisar a maior empresa do país.

Na verdade acho que essas pessoas não se esqueceram dessas causas da crise brasileira: seu objetivo é culpar a melhoria do emprego e da renda dos trabalhadores e fazer o país voltar ao desemprego e ao subempregro.

Veja o que diz o documento Ponte para o Futuro, que já mostra qual é a política escolhida por Temer e pela oposição, se eles vierem a comandar nosso país: É fundamental “na área trabalhista, permitir que as convenções coletivas prevaleçam às normas legais”. Um jeito bonito de dizer: “vá negociar com seu patrão, o que vocês decidirem tem mais força do que a lei.” Bem, você sabe com quem está o poder nessa mesa de negociações na maioria ds empresas, não sabe?

No fundo, é preciso desconfiar que esse movimento todo, para impedir a continuidade do governo de Dilma, não é exatamente contra ela é contra o aumento dos direitos. Ou você acha que a FIESP está lutando contra Dilma para dar melhores condições de vida para os trabalhadores?

Fonte: Jornalistas Livres / por Cesar Locatelli

 


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