A nomeação da nova gestora da Secretaria de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes (PMDB-AP), apresentada nesta terça-feira pelo Governo Temer semeou mais uma polêmica envolvendo a defesa dos direitos das mulheres. Evangélica, a ex-parlamentar não concorda com a descriminalização do aborto e contesta até sua autorização em casos de estupro, prevista em lei no Brasil desde 1984.

Pelaes não levanta "bandeiras contrárias aos valores bíblicos", como o aborto e a constituição livre de família. Em entrevista à editora Casa Publicadora das Assembleias de Deus, publicada três anos atrás, ela afirma que até 2002 defendia a descriminalização do aborto e não via a família como um projeto de Deus. Depois disso, porém, "conheceu Jesus" e passou a dizer que "o direito de viver tem que ser dado para todos".

A ex-deputada, presidente do núcleo feminino do PMDB, foi escolhida pelo presidente em exercício, Michel Temer, após sugestão da bancada feminina da Câmara. Na gestão de Dilma Rousseff, a secretaria tinha status de ministério, mas atualmente está subordinada ao Ministério da Justiça e Cidadania. Derrotada nas eleições de 2014, Fátima Pelaes ficou até abril deste ano no cargo de diretora administrativa da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), sendo exonerada por Dilma depois que o PMDB rompeu com o governo.

Fátima Pelaes também teve o nome envolvido em um escândalo de desvios de dinheiro público do Ministério do Turismo, em 2011. Em depoimento à Polícia Federal, uma sócia da Conectur – empresa fantasma que, na verdade, funcionava em uma igreja evangélica – disse que a então deputada teria embolsado recursos de emendas para financiar sua campanha à reeleição. Ela nega.

A diretora da Fetrafi-RS, Cristiana Garbinatto, considera a indicação da ex-deputada um retrocesso para as lutas das mulheres por equidade de direitos e contra a violência. "A extinção do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos não foi suficiente para o presidente interino Michel Temer, ele ainda precisava colocar na secretaria uma pessoa envolvida em escândalo de desvio de dinheiro público e que não possui qualquer aproximação com as causas das mulheres. Num mundo onde precisamos explicar diariamente o que é um estupro, que a culpa não é da vítima; que a legalização do aborto não significa obrigatoriedade de aborto, que a escolha sobre o nosso corpo é nossa e ninguém tem nada com isso, essa nomeação é um desrespeito e um desserviço às mulheres brasileiras”, afirma Cristiana.

Fonte: Fetrafi-RS com informações do UOL

 


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