Quem pensa que os direitos hoje usufruídos pelos trabalhadores brasileiros através da CLT e convenções coletivas de trabalho caíram do céu ou foram concedidos de boa vontade pelos patrões, precisa voltar a estudar sobre a história do país. Este assunto foi debatido na última sexta-feira, 22, durante a reunião estadual de delegados e delegadas sindicais promovida pela Fetrafi-RS, na sede da entidade, em Porto Alegre. A discussão surgiu em um momento oportuno, devido aos novos ataques prenunciados no Congresso, Senado e avalizados pelo governo ilegítimo de Michel Temer.

"Não podemos ficar anestesiados diante do golpe”. Com essa afirmação, a professora, doutora em História e museóloga, Carla Renata Antunes de Souza Gomes, desafiou dirigentes e delegados sindicais à resistência pela manutenção dos direitos dos trabalhadores. Além de abordar a história da luta dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil, a palestrante falou sobre os riscos da onda conservadora que tenta retomar as políticas neoliberais no país.

Para a historiadora, as cores da bandeira brasileira não refletem a verdadeira história do povo. "O vermelho, presente nas bandeiras de tantos países, foi suprimido porque evoca o sangue das pessoas que lutaram pela sua autonomia e seus direitos. Todas as vezes que os trabalhadores se tornam ativos dentro da sociedade, eles se tornam perigosos. Nenhum direito foi concedido de graça. Os direitos vieram com luta, espancamentos, prisões e sacrifícios de trabalhadores”, destaca.

A professora usou uma frase de Carl Marx para contextualizar o momento vivenciado pelos trabalhadores brasileiros: "A emancipação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora”. Segundo ela, toda a luta é fruto da emancipação, por isso é algo permanente. "Hoje nos tiram direitos e isto é simples. É uma guerra, porque já passou do estado de luta”, observa.

Para a palestrante, é preciso estar de olho em quem está legislando, o que dá um trabalho enorme. "Aos olhos daqueles que têm o domínio para dizer que temos um lugar determinado na sociedade os trabalhadores são baderneiros. No entanto, eu não sou baderneira, meus alunos não são e nem vocês são baderneiros. Por isso, é imprescindível saber que há uma legislação que garante direitos e precisa ser respeitada. No Brasil temos outro grande problema porque a gente não confia na justiça”.

De acordo com a palestrante é preciso contestar um ataque a todo um sistema de bem estar social. "O conhecimento, a liberdade e a igualdade são preciosos. São esses valores que nos farão lutar por direitos políticos e sociais”, garante a historiadora.

O diretor de Formação da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha, salienta que o debate sobre a história dos direitos trabalhistas no Brasil teve o objetivo de evocar o espírito de luta dos bancários, com ênfase para os delegados e delegadas sindicais. "São estes colegas que estão presentes no cotidiano do trabalho bancário e representam o elo entre o movimento sindical e a base. Precisamos conscientizar a categoria sobre a importância da defesa de direitos trabalhistas comuns, que hoje estão ameaçados por medidas em tramitação no Congresso e no Senado Federal. Graças ao movimento golpista e antidemocrático não temos mais uma presidente capaz de defender os nossos interesses. Temer não irá barrar qualquer ataque aos trabalhadores. Somente uma grande pressão popular e a intensificação da luta coletiva poderão barrar a série de retrocessos previstos para o período pós-eleições municipais”, enfatiza o diretor da Federação.

Fonte: Comunicação/Fetrafi-RS
 


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