Estamos no mês de setembro, e daí? Muitos vão pensar que é só mais um mês do ano, igual a qualquer outro. E de fato, suicídios acontecem todos os meses do ano. Mas a Campanha Setembro Amarelo torna o mês especial e marca o período a partir da conscientização da população sobre estes casos reais e mostra que é possível, por mais complicado que seja, falar sobre o assunto e divulgar informações amplamente.

A relação entre a categoria bancária e o Setembro Amarelo é gritante, uma vez que o trabalho dos bancários está relacionado a doenças como o sofrimento psíquico. Por isso, propomos e desempenhamos diversas iniciativas para prevenir o sofrimento mental e às lesões do esforço repetitivo.

A partir da pesquisa organizada pela professora da UFCSPA, Mayte Raya Amazarray, “Relação entre Trabalho e Saúde Mental dos Bancários do Rio Grande do Sul”, realizada em agosto de 2013 – e que se baseou em dados colhidos em um questionário eletrônico – podemos perceber a importância de estarmos atentos às causas e consequências do adoecimento da nossa categoria quando: dos 1.787 bancários entrevistados, 38% já sofreu acidente de trabalho; 11,54% foram assaltados ou sequestrados no ambiente de trabalho; 56% temiam ser demitidos; 47,64% haviam deixado de lado seus valores éticos pelo emprego e 88,23% foram expostos a conflitos ou hostilidades.

A pesquisa abriu espaço para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante de psicologia da UFCSPA, Vatsi Meneghel Danilevicz: “Suicídio no trabalho bancário: expressão do insustentável”, que também mostra a necessidade de falarmos sobre o assunto.

O diretor de Saúde do SindBancários, Eduardo Munhoz, destaca a importância do Sindicato investir em pesquisas que tragam informações que podem se transformar em direitos em negociações com os banqueiros. “Já temos inúmeras cláusulas em nossos acordos coletivos específicos de cada banco e também na Convenção Coletiva de Trabalho, que envolve todos os bancos muitos benefícios relacionados a compromissos dos bancos em combater o assédio moral, fonte de doenças e de sofrimento psíquico dos trabalhadores. Muitos dos direitos que conquistamos começam em seminários e com pesquisas”, exemplificou.

A assessora de Saúde do SindBancários, Jaceia Netz, traz a trajetória da pesquisa e a importância da atuação do Sindicato. “Nós que trabalhamos e acompanhamos diariamente os bancários adoecidos sabemos que quem está doente é o banco e não os trabalhadores”, disse Jaceia, parafraseando o documentário Quem Está Doente é o Banco – A verdade sobre o assédio moral.

Alguns dados da pesquisa

Perfil dos participantes
1.787 bancários do Rio Grande do Sul

Onde vivem
50,88% da capital e 49,12% do interior

Sexo
49,17% homens e 50,83% mulheres

Idade
A idade variou 20 a 66 anos, com média de 39 anos e 3 meses

Tempo de trabalho
O tempo de trabalho 1 mês e 39 anos.

Onde trabalham
82,42% são trabalhadores de instituições públicas. 66,32% trabalham em agências e
33,68% dos trabalhadores desempenham funções de departamento.

Estado civil
52,87% eram casados, 28,50% solteiros, 9,75% possuíam união estável.
8,39% separados/divorciados.

Escolaridade
52% Ensino Superior Completo
26% possuíam Pós-Graduação
22,09% concluíram o Ensino Médio

No trabalho
21,34% cumprem mais de 40 horas semanal.

Trabalho e vida pessoal
89% sentem que o trabalho interfere negativamente em outras áreas da vida

Afastamentos
49% já se afastaram por motivos de saúde

Medicação
26% utiliza medicação psiquiátrica; destes, 40% acreditam que o uso de medicação psiquiátrica e/ou substâncias psicoativas está relacionado ao trabalho

Estresse
67% dos bancários sentem-se nervosos ou preocupados, 50% dormem mal, 47% tem se sentem tristes ultimamente e 42% referiram que o trabalho é penoso e causa sofrimento

Insatisfação
25% dos bancários estão insatisfeitos com a vida.

Texto: Marina Lehmann (estagiária de jornalismo)
Fonte: Imprensa SindBancários

 


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