Segundo Maria Rita Serrano tal medida apenas esvazia os recursos do fundo e não vai resolver o problema da economia

A equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro (PSL) vem demonstrando falta de programa de desenvolvimento econômico para o país. Uma mostra disso é o anúncio de que vai anunciar, na próxima semana, medidas que tratam do saque de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep.

Tal medida não resolve o problema do desemprego ou da alavancagem da economia, segundo analistas econômicos. Ao contrário, a medida deverá servir para afastar as atenções para o fato de que a reforma da previdência não irá mudar a vida dos trabalhadores nem em curto e nem em médio prazo.

“O Brasil conta com 14 milhões de desempregados e mais de 60% das famílias brasileiras estão endividadas. Boa parte dessa dívida é com os bancos. Portanto o objetivo do governo é pegar esse dinheiro e entregar aos bancos, favorecendo o sistema financeiro do Brasil. Só que tem uma consequência indireta nisso”, afirma Maria Rita Serrano, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.

Para Maria Rita, o fundo é do trabalhador e deve ser usado para o trabalhador. “Além dele servir como um seguro no caso de desemprego e de necessidade, o Fundo de Garantia é o maior fundo de investimento público. É responsável por financiar habitação, saneamento básico, mobilidade e uma série de outras coisas. Portanto, diminuir os recursos do fundo, esvaziar o fundo de garantia fará com que os investimentos que poderiam ser feitos em habitação não serão feitos. Nós precisamos de medidas que gerem empregos e que gerem avanços”, disse. “Nós precisamos ter conta de que isso esvazia os recursos do fundo e não vai resolver o problema da economia. Só vai criar uma falsa ilusão que a economia melhorou, mas não vai diminuir o tamanho do desemprego que não para de crescer no país”, completou.

Para a oposição governista no Congresso, os recursos fazem parte de um programa de investimento, mas como isso é uma coisa que fica ofuscada neste momento, portanto, não há plano de gerar empregos no Brasil.

O tema voltou à tona nesta semana e a expectativa é que o Palácio do Planalto anuncie o pacote na quinta-feira (18), em comemoração aos 200 dias do governo Jair Bolsonaro. Mas a proposta não está totalmente formatada, o que poderá gerar um atraso. Desde maio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia declarado que estudava uma nova liberação dos recursos de contas ativas do FGTS para saque como forma de injetar recursos e movimentar a economia depois que a reforma da previdência fosse aprovada.

A medida divide opiniões, pois pode aliviar em curto prazo a situação de endividamento da população. Para o vice-líder do PT, o deputado e economista Enio Verre afirma que nas contas de especialistas e professores da área com quem tem conversado, considerando as regras de liberação parcial do dinheiro de acordo com faixa renda, que já foram comentadas pelo governo, o volume a ser colocado em circulação deve ficar em torno de R$ 35 bi. “É uma proposta que divide, numa visão de curto prazo, por falta de política econômica ou qualquer iniciativa que gere emprego e renda, isso ajuda o brasileiro que está com contas atrasadas e não consegue pagar o aluguel, mas numa visão correta de economia é uma grande equívoco, porque retira dinheiro da construção civil, de projetos como o Minha Casa Minha Vida, que tem efeito multiplicador na economia muito grande, gera emprego, compra de cimento, de cano, de ferro, ou seja, vários setores que poderiam gerar renda, isso é muito ruim para o Brasil”, comentou o Enio Verre.

Fonte: Contraf-CUT


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