Numa atitude de profundo desrespeito pela vida, a Tesouraria do Banco do Brasil no Rio de Janeiro está decidindo por sorteio que funcionários vão voltar ao trabalho presencial. A atitude beira à insanidade e além de colocar em xeque o anúncio feito pelo BB de que o retorno seria voluntário mostra um inaceitável e desumano desrespeito pelas pessoas cuja exposição ao risco de contaminação pela covid-19 está sendo decidida com escárnio, como se fosse uma brincadeira, um verdadeiro bingo da morte.

A diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante da Comissão de Empresa do BB (CEBB), Rita Mota, adiantou que este caso gravíssimo será levado imediatamente ao banco. “Vamos exigir a suspensão desta roleta russa. Trata-se de um comportamento cruel e irresponsável que surge como reflexo das atitudes negacionistas do governo, de desprezo pela vida da população e de boicote às medidas de prevenção”, criticou.

Retorno é descabido

Classificou a atitude como absurda, ainda mais considerando que coloca em risco a saúde e a vida dos funcionários, diante de uma pandemia ainda fora de controle, com uma cobertura vacinal de cerca de 40%, bem abaixo dos 80% exigidos pelos cientistas para considerar a doença controlada. Disse que mesmo a decisão do banco de ‘convidar’ os funcionários, ou seja, de oficialmente não impor o retorno, é precipitada.

“Vamos solicitar o adiamento do retorno que, mesmo com o rótulo de voluntário, está sendo feito de forma obrigatória, como mostra o exemplo da Tesouraria, com o sorteio dos que serão escolhidos”, afirmou. “Não é o momento para a volta ao presencial e muito menos desta forma. Além de estarmos muito longe do percentual de imunizados exigido pelos infectologistas, ainda vivemos uma situação agravada pelo crescimento dos casos de infecção e morte pela variante Delta em vários estados. O Rio de Janeiro é um deles. O quadro aqui é assustador, com esta nova cepa, mais transmissível e fatal, se tornando a dominante: 90% dos casos de internação no estado são de pacientes atingidos pela variante Delta”, alertou.

Mais contaminações

Frisou que o retorno é extremante perigoso também para quem já está trabalhando presencialmente porque gera uma maior aglomeração. “Nada disto faz sentido. É uma irresponsabilidade, ainda mais se levarmos em conta que as pessoas estão em teletrabalho, e que, com isto, além de executarem suas tarefas com mais segurança, ainda geram economia para o banco, não se justificando a decisão de voltarem ao presencial”, argumentou.

Passaporte de vacinação

Acrescentou que outro fato torna a situação ainda mais grave: nem todos os funcionários tomaram a segunda dose, muitos outros sequer se vacinaram. E o banco quer que voltem sem fazer o PCR. “Não entendemos essa pressa toda, essa falta de cuidado. Tudo isso está sendo imposto, quando o que foi estabelecido em acordo é que, quando houvesse condições adequadas, o que não é o caso, a volta seria negociada, sendo estabelecidos protocolos com regras claras e seguras”, lembrou. Frisou ainda que existe uma mesa permanente sobre covid-19 por onde o assunto teria que passar, e isto não aconteceu.

Lembrou que o certificado de vacinação está sendo exigido no Rio de Janeiro, para que as pessoas tenham acesso aos estabelecimentos, decisão confirmada nesta quinta-feira (30/9), pelo ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Mas o BB está também ignorando este fato e exigindo a volta, sem os cuidados necessários. Vamos reivindicar a suspensão do retorno. Este, definitivamente, não é o momento”, afirmou a dirigente.

Fonte: Seeb RJ


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