A ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza completou seis dias nesta segunda-feira (19) com elevado número de civis mortos no território palestino. As Forças Armadas de Israel admitiram que dos 95 palestinos mortos nos bombardeios, pelo menos um terço não tinha nenhum envolvimento com o conflito. Os oficiais também reconheceram ter atingido por engano a casa de uma família palestina neste domingo (18) no ataque mais letal dos últimos dias.

Durante os ataques desta madrugada, pelo menos 15 pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas em diversos locais do território palestino. Segundo fontes médicas citadas pelo jornal palestino Maan, as vítimas eram civis e incluem uma senhora de 60 anos, uma criança de apenas 4 anos e um bebê de 18 meses. Os disparos israelenses atingiram pedestres, carros e edifícios nas cidades palestinas.

De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais da metade das pessoas mortas na operação militar israelense eram civis até este domingo. O porta-voz da organização disse que pelo menos 750 palestinos estão feridos e muitos enfrentam risco de morte nos hospitais superlotados.

Neste domingo, jatos israelenses bombardearam uma casa na cidade de Gaza e mataram 11 membros da família palestina Al Dullu. Cinco mulheres, incluindo uma idosa de 80 anos, e quatro crianças estão entra as vítimas deste ataque, que foi considerado o mais letal da operação. Testemunhas disseram que sobraram apenas destroços da residência no bairro de Sheikh Radwan.

Oficiais israelenses admitiram que as tropas bombardearam o edifício “por engano” devido a um erro técnico ainda não esclarecido, indicou o jornal Haaretz. Segundo as fontes citadas, os militares tinham como objetivo atingir um líder do Hamas, mas acabaram por matar “civis desarmados, incluindo crianças e bebês”.

Poucas horas antes, pelo menos três crianças, incluindo um recém-nascido, e duas mulheres haviam sido mortas em um bombardeio no campo de refugiados de Bureij, informou a rede Al Jazeera.

O número de civis palestinos mortos deve aumentar ainda mais nos próximos dias com a intensificação dos ataques israelenses e a falta de indícios de que o governo encerre a operação chamada de Pilar Defensivo. Pelo contrário, as autoridades do país apontaram que pretendem expandir a ofensiva militar e mais de 75 mil oficiais de reserva já foram convocados para uma possível invasão terrestre na Faixa de Gaza.

Avanço

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ontem que as forças armadas de seu país estão prontas para um “significativo avanço” rumo a Gaza.

"Nós estamos fixando um preço alto para o Hamas e outras organizações terroristas, e nossas forças de defesa estão preparadas para uma grande expansão da operação [Pilar Defensivo]", disse o premiê durante uma transmissão em cadeia nacional.

Desde a última sexta-feira (16) o Exército de Israel trabalha em uma força-tarefa para convocar 75 mil oficiais da reserva. Ao redor da Faixa de Gaza, correspondentes das principais agências de notícias alegam que há um cinturão militar pronto para uma invasão terrestre.

Em caráter emergencial, chanceleres da Liga Árabe se reuniram no Cairo, Egito, para debater formas de encerrar a cada vez mais intensa troca de agressões. O secretário-geral do bloco, Nabil al Araby, pediu neste sábado que todas as iniciativas para encerrar conflitos com Israel sejam revistas.

No início da reunião extraordinária, ele destacou que "os crimes cometidos contra Gaza não podem ficar impunes porque são crimes de guerra" e considerou que os últimos atos de violência são "outros capítulos da ocupação israelense". Al Araby também concordou em viajar a Gaza, chefiando uma delegação diplomática.

Estados Unidos, tradicional aliado israelense, pediu empenho diplomático e "pacificação", mas reiterou o argumento de que Israel “tem o direito de se defender”. Em um comunicado da Casa Branca, o governo de Barack Obama alegou que seu objetivo é o mesmo que o de Benjamin Netanyahu: “encerrar os ataques com foguetes”.

Segundo o vice-primeiro-ministro de Israel, Eli Yishai, os objetivos da operação não são apenas prevenir o lançamento de mais foguetes do lado palestino. Neste sábado, ele disse a jornalistas que seu país pretende “mandar Gaza de volta para a Idade Média” para que seu povo “tenha tranquilidade por ao menos 40 anos”.

Este já é o quinto dia da operação Pilar Defensivo, que eclodiu na última quarta-feira com a morte do até então líder militar do Hamas, Ahmed Jabari. Após intensos bombardeios israelenses na região ao longo da noite deste sábado, o número de palestinos mortos atingiu a marca de 50. Só na madrugada deste domingo, foram cinco os mortos e 14 os feridos. Do lado israelense, são três as vítimas fatais até o momento.

Dilma reforça a necessidade das Nações Unidas assumirem sua responsabilidade na questão – A presidenta Dilma Rousseff expressou hoje (19) preocupação com a situação de violência na Faixa de Gaza, motivada pelo conflito entre Israel e a Palestina. O assunto foi tratado durante reunião com o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, nesta manhã, em Madri.

“Expressei minha preocupação com a situação de violência na Faixa de Gaza que tanto sofrimento já causou ao povo daquela região. O processo de paz entre Israel e Palestina, cujo único caminho possível é a coexistência pacífica dos dois estados, permanece como condição fundamental para a paz na região e no mundo”, disse durante declaração à imprensa.

Ontem (18), a presidenta Dilma recebeu um telefonema do presidente do Egito, Mohamed Mursi. Ele manifestou preocupação com o agravamento do conflito entre Israel e a Palestina e disse considerar importante que o Brasil exerça sua influência sobre o assunto, inclusive no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em seguida, Dilma entrou em contato com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e relatou a preocupação do governo brasileiro com o uso desproporcional da força no conflito. Dilma disse a Ban Ki-moon que é importante que as Nações Unidas assumam plenamente suas responsabilidades na questão.

Os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza se intensificaram na semana passada, depois do assassinato do chefe do braço armado do grupo palestino Hamas, Ahmed Jabari.

Assista ao víde produzido pela Agência de Notícias AFP clicando AQUI.

Fonte: Rede Brasil Atual.

 


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