A principal central de trabalhadores da Argentina e um setor da segunda maior agrupação sindical do país realizaram uma greve de 24 horas nesta terça-feira (20/11). Convocado pela CGT (Confederação Geral do Trabalho), um setor da CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), organizações sociais e pela Federação Agrária, o protesto pede reajustes de pisos salariais não tributados, aposentadorias e expansão de programas sociais.

Várias estradas que dão acesso à cidade de Buenos Aires estão bloqueadas por manifestantes, que prometeram paralisar o país com cortes em 160 vias. Há piquetes em portas de fábricas e em vários pontos da capital. Segundo Eduardo Buzzi, da Federação, os cortes de estrada não têm como objetivo impedir o tráfego de carros particulares, mas sim de caminhões que transportam produção agropecuária.

Devido à adesão de pilotos e de técnicos aeroportuários, há cancelamento de vôos domésticos e risco de atraso para partidas internacionais. Entre os setores paralisados, também estão frentistas, bancários, trabalhadores de empresas públicas e caminhoneiros – setor que, além de abastecimento de supermercados, também afeta a coleta de lixo. Trabalhadores de transporte público da capital, como ônibus e metrô, em sua maioria não aderiram ao protesto, com exceção dos ferroviários.

Opinião dos sindicatos – Momentos antes, o presidente da CGT, Hugo Moyano, disse que era "um dia de festa" devido à "alta participação dos trabalhadores" na greve.

"A cidade está vazia e com seu silêncio os trabalhadores expressaram a insatisfação (com o governo)", afirmou.

Outro sindicalista, Pablo Micheli, da chamada "CTA dissidente", disse esperar que a paralisação "sirva para o governo dialogar" com os manifestantes.

O presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, afirmou que "os trabalhadores estão cansados da soberba governo e da inflação".

"Nós hoje demonstramos que é possível parar um país para que as demandas sejam atendidas", disse.

Os sindicalistas deram entrevista coletiva diante das câmeras de televisão. Eles argumentaram que o protesto era contra a inflação e o aumento do salário mínimo, entre outras demandas. Durante o dia foram registrados incidentes isolados como o rompimento de vidros do tradicional Café Tortoni, no centro da cidade, e protestos que impediram a distribuição do jornal Clarín, o mais vendido do país e apontado pelo governo como "opositor".

Segundo levantamento do Centro de Estudos Nova Maioria, de Buenos Aires, esta foi a primeira greve geral em quase cinco anos de gestão de Cristina Kirchner e a 30ª quinta greve geral desde a restauração da democracia, em 1983.

"Cristina Kirchner é a primeira presidente que governou um mandato completo (2007-2011) sem ter uma greve geral", diz um trecho do estudo.

Fonte:  Opera Mundi, Último Segundo.

 


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