Cerca de 95% dos bancários participaram da greve geral que ocorreu nesta terça-feira (20 de novembro de 2012) na Argentina. A greve parou o país de norte a sul, com mais de 160 piquetes de trabalhadores argentinos (Clique AQUI para ler mais sobre a greve argetina). O informe sobre o movimento e a participação dos bancários foi transmitido por dirigentes da Asociación Bancaria, o sindicato nacional da categoria no país vizinho conhecido como La Bancaria, durante a reunião do Comitê Executivo da UNI Finanças, realizada nesta quarta-feira (21) na sede da Contraf-CUT, em São Paulo.

Convocada pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT) da Argentina, a paralisação nacional foi em defesa de uma série de bandeiras dos trabalhadores, entre elas o fim dos impostos sobre os salários, o cumprimento da legislação trabalhista que impede terceirizações (que os empresários querem mudar) e reajuste no valor dos benefícios da aposentadoria.

"No caso específico dos bancários, também fomos à greve contra projeto de lei apresentado no Senado para atender interesse dos bancos de ampliar o horário de abertura das agências, o que significa aumentar a jornada de trabalho dos trabalhadores", diz Eduardo Luis Negro, pró-secretário de Ação Social e Esportes do Secretariado Geral Nacional de La Bancaria.

Negro e Guillermo Maffeo, secretário de Ação Sindical da Seccional de Buenos Aires de La Bancaria, participaram na sede Contraf-CUT, junto com dirigentes sindicais de outros países latino-americanos, da reunião preparatória da Conferência Regional da UNI Américas, que será realizada de 5 a 7 de dezembro, em Montevidéu, da qual os bancários brasileiros também participarão.

‘Greve foi por direitos, não contra o governo’

Os dirigentes sindicais argentinos desmentiram as avaliações predominantes na cobertura da grande imprensa brasileira de que a greve geral na Argentina foi contra o governo da presidenta Cristina Kirchner. "Não foi uma greve nem contra nem a favor do governo, mas em defesa dos interesses dos trabalhadores", enfatiza Negro.

Eles disseram que La Bancaria apoia os princípios que norteiam o governo argentino, "de incentivo do consumo, da produção e do trabalho", as políticas sociais e as decisões de Cristina Kirchner de reestatizar várias empresas privatizadas durante os governos neoliberais da década de 1990, entre as quais a companhia petrolífera YPF e a empresa área Aerolineas Argentinas.

"Apoiamos esse modelo e queremos aprofundá-lo, para benefício dos trabalhadores, assim como estamos lutando para que o governo mude a legislação sobre os bancos criada na ditadura militar e transforme o sistema financeiro num bem público voltado para fomentar o crédito e incentivar a produção e o trabalho", explica Guillermo Maffeo.

Os dois dirigentes sindicais argentinos contam que os trabalhadores tiveram conquistas importantes nos últimos anos, como a criação do fórum paritário salarial anual, que reúne trabalhadores, empresários e governo com o objetivo de manter o poder de compra dos salários diante da inflação, criando mecanismos de atualização salarial.

Os bancários em particular, acrescentam Negro e Maffeo, conquistaram um feriado no seu dia nacional (6 de novembro) e uma premiação equivalente a 250 dólares para cada trabalhador do setor financeiro, a ampliação a partir de 2012 do que aqui no Brasil seria o auxílio-creche/babá e a implementação de um bônus adicional para os bancários da chamada "zona patagônica", a região do sul do país onde o custo de vida é mais alto em razão da exploração turística.

"É essa a estratégia de La Bancaria: lutar para aprofundar o modelo e ampliar os direitos dos trabalhadores", conclui Negro.

Fonte: Contraf-CUT

 


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