Após dois anos consecutivos em queda, o desemprego no mundo aumentou em 2012. No ano passado, cerca de 197,3 milhões de pessoas estavam sem trabalho, quase 5 milhões a mais do que em 2011, segundo o relatório Tendências Mundiais de Emprego 2013, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que será divulgado hoje (22 de janeiro). A OIT avalia que este ano o desemprego crescerá ainda mais, chegando a atingir 202 milhões de pessoas até o final de 2013, 204,9 milhões até 2014 e 210 milhões até 2018. Segundo a OIT, a recuperação da economia mundial não será forte o suficiente para reduzir as taxas de desemprego rapidamente.

O pico de desemprego na última década foi em 2009, ano da crise financeira internacional, com mais de 198 milhões de desempregados. Em 2010 e 2011, houve recuperação, com a queda do número de pessoas sem emprego – 194,6 milhões, em 2010; e 192,8 milhões, em 2011.

“A incerteza em torno das perspectivas econômicas e as políticas inadequadas que foram implementadas para lidar com isso debilitaram a demanda agregada, freando os investimentos e as contratações. Isso prolongou a crise do mercado laboral em vários países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a duração do desemprego” explicou, em nota, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

As regiões onde foram registradas as taxas mais altas de desemprego foram o Norte da África (10,3%), o Oriente Médio (10%) e o grupo das chamadas “economias desenvolvidas” (8,6%) – que inclui os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão, a Espanha e Portugal.

Em contraponto, as três regiões com os índices mais baixos de desemprego estão na Ásia: no Sul da Ásia (3,8%), na Ásia Oriental (4,4%) e no Sudeste Asiático (4,5%). A região da América Latina e do Caribe, grupo em que está o Brasil, ficou com taxa de 6,6%.

De acordo com a professora de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em mercado de trabalho, Débora Barém, os países saíram da situação imediata de crise, mas ainda não retomaram suas atividades aos patamares anteriores a 2009. Segundo ela, há áreas com expansão na demanda de trabalhadores, mas são setores que tinham carência de profissionais qualificados anteriormente à crise – como é o caso da Ásia, que, no momento, está reorganizando sua estrutura produtiva.

“Comparativamente a outros anos, há desaquecimento. Não se está mais em crise, mas não se precisa mais da mesma quantidade de mão de obra que se precisava antes, pois se está produzindo menos. Estamos em um momento de rearrumação”, disse a especialista.

Para a ONU, as políticas econômicas baseadas em medidas de austeridade fiscal e nos cortes dos orçamentos não oferecem o necessário para recuperar a economia e a estratégia deve ser alterada na tentativa de adotar ações coordenadas com políticas de criação de emprego e de crescimento sustentável.  Como acontece no Brasil, com saldo de quase 20 milhões de empregos criados nos últimos dez anos.

Bancos – Mas se depender dos bancos, não haverá crescimento sustentável. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apenas na primeira fase da crise, entre agosto de 2007 e início de 2009, o setor financeiro suprimiu pelo menos 325 mil postos de trabalho no mundo. No Brasil, o setor anda na contramão do desenvolvimento: enquanto no país foram criados quase 1,8 milhão de novos empregos entre janeiro e novembro de 2012, nos bancos esse número foi de apenas 4.274. E isso, levando em conta os mais de 6.900 postos assumidos pelos bancários concursados na Caixa Federal. Ou seja, o saldo do setor seria negativo se excluídos os empregos conquistados no banco público.

Em 2012, até setembro, somente o Itaú extinguiu 7.831 empregos no Brasil. O Santander também cortou centenas de vagas, principalmente nos últimos meses do ano passado. Os bancários seguem lutando para acabar com as demissões desmotivadas e por respeito nas agências e postos de trabalho.

 

Fonte: Agência Brasil/Seeb SP/Edição Assessoria de Comunicação Bancax.

 


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