Nesta data 8 de Março, homenageamos o efeito deslumbrante da natureza: a mulher. É um dia para debater, conferir, reunir e reivindicar a respeito da importância do papel da mulher na sociedade atual. Assim, um dia, conseguiremos atingir o término do preconceito e desvalorização. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para mudar.

Vivemos um momento em contexto mundial de banalização e mercantilização da sexualidade, de incremento da violência, de falsas soluções para a crise sistêmica como o capitalismo verde que mercantiliza a natureza, precisamos fazer ecoar com mais força as nossas bandeiras.

Não basta dizer não à violência sexista, mas denunciar como ela é parte de um modelo estruturante da sociedade que nos mantém a margem da riqueza, na base da pirâmide social, servas do trabalho doméstico e de cuidados. Lutar por autonomia econômica é mais atual que nunca.

 

 

 

Confira artigo da diretora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa, sobre o tema:

Todos os dias de igualdade

Há uma ideia disseminada de que em todo 8 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher. A frase que inicia seria precisa não fosse o verbo “comemorar”. De fato, na prática, a existência de um dia dedicado à reflexão sobre a situação das mulheres num contexto mundial de dominação masculina seria motivo suficiente para tão somente exaltar nossa condição de mulheres. Mas, definitivamente, não é o nosso caso.


A história da luta das mulheres está ligada ao combate por um espaço de discussão política que constitua um discurso de existência de desigualdade de gênero e de construção social da igualdade. É uma luta que vem do século passado. Em agosto de 1910, mulheres reunidas na Conferência das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, decidiram criar o Dia da Mulher. Não havia um dia específico, cada país decidia livremente qual a data que marcaria a história de luta das mulheres daquela nacionalidade.


A construção da data é política e ligada às lutas da esquerda e ligada a uma revolução. Pelo calendário russo, o dia 23 de fevereiro de 1917 correspondia ao 8 de março no calendário ocidental. Nesse dia, mulheres tecelãs da Rússia começaram uma greve que operou mudanças profundas nos rumos da política czarista do país. Quatro anos mais tarde, a Conferência das Mulheres Comunistas em Moscou adota o 8 de março como o Dia Internacional das Operárias. A Revolução Russa tratou de consagrar esse dia também à luta das mulheres em todo o mundo.


Quando vamos às ruas no Dia 8 de Março – como acontecerá em Porto Alegre, no Largo Glênio Peres, às 16h, na marcha Mulheres em Luta contra o Capitalismo e o Patriarcado por Autonomia, Igualdade, Liberdade e pelo fim da Violência, organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres do RS – ou chamamos a atenção de algum colega no ambiente de trabalho para uma piada sobre nossos direitos é porque temos muito ainda a avançar. Segundo o censo da categoria, nossos salários são em média 18% menores do que o dos homens e somos 10% dos parlamentos brasileiros, mesmo tendo maioria do eleitorado.

Em tempos de competição acirrada por clientes no setor bancário, uma maldição histórica recai sobre nossas competências. Trata-se da imposição de um padrão estético que valoriza a beleza física em detrimento da capacidade de trabalho e do histórico curricular. Infelizmente, ainda vigora nos bancos uma visão masculina de que a beleza define capacidade. Vale mais ser “magra”, “jeitosinha” e ter talento físico para ser modelo. Essa visão é criada em cima de um mito de que beleza física feminina facilita a venda de produtos oferecidos pelo banco.


No caso das mulheres negras e das mulheres homossexuais pesam os sinais de sua diversidade étnica e de autopercepção de gênero inscritos em seus corpos como justificativas não admitidas de reduzir chances de ascensão profissional. Como se não bastasse a hostilidade no ambiente de trabalho, da qual os assédios moral e sexual são exemplos clássicos, enfrentamos a violência doméstica. Portanto, há muita batalha a ser travada e muita luta a ser vencida por nós, mulheres.


Chamo a atenção para uma delas. Os banqueiros reclamam que a queda da taxa de juros reduziu os spreads bancários, e, consequentemente, os lucros, nos meses finais de 2012. Esse cenário acirra a competição. As mulheres sofrerão as consequências das metas abusivas. Que esse cenário não reproduza a visão machista de sempre e crie um ambiente adequado para o assédio moral e sexual e para a discriminação das bancárias nos restantes dias do ano. Mas que sirva para tornamos nossa luta diária pela igualdade das mulheres no trabalho, na vida.

 


Fonte: Imprensa/SindBancários

 


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