Alertar a sociedade sobre as mortes e acidentes graves que ocorrem com os trabalhadores, informar sobre a prevenção, orientar e esclarecer dúvidas, por meio de profissionais com reconhecimento no tema, esse foi o objetivo do “I Fórum sobre Acidentes de Trabalho – Um alerta sob novos pontos de vista”, realizado nesta quinta-feira, 25 de abril, na sede social do Sindicato dos Bancários de Caxias do sul e Região.
Participaram do Fórum entidades várias entidades sindicais. O início do encontro foi marcado pelo momento em que dois grandes grupos de pessoas, em pé, mostraram união e cidadania – são eles: Grupo USBA (União Solidária dos Bancários Afastados) composto por trabalhadores caxienses e regionais, que devido a acidentes ou doenças estão atualmente fora das agências e o Grupo GAS (Grupo de Ação Solidária), vindo de Porto Alegre, formado por 50 trabalhadores que lutam pelo respeito ao trabalhador.
Durante o evento alguns presentes contaram problemas, casos de assédio moral, tentativas de suicídio e dramas vividos. De forma aberta o encontro direcionou-se a estes trabalhadores que juntos, em grupos, lutam pela evolução e conscientização para melhores condições de trabalho. "A pressão ao trabalhador, a cobrança diária, os mecanismos psicológicos cruéis para o atingimento de metas cada vez mais desumanas, o excesso de jornada, são riscos sérios à saúde” afirmou Nelso Bebber, diretor coordenador do Sindicato.
De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social, bancários e bancárias estão entre os trabalhadores que mais são acometidos com doenças relacionadas ao sofrimento mental. A mesa explanou primeiramente sobre o tema e depois se realizou debate e questionamentos.
Para a Dolores Sanches Wusch, coordenadora do curso de Especialização em Saúde do Trabalhador, “um alerta precisa ser dado em todos nós, precisamos buscar soluções efetivas, pois todo o trabalhador tem direito a proteção social, e todos os direitos devem ser respeitados.”
A melhoria das condições de trabalho, a conquista de uma evolução e transformação deste quadro alarmante, começa a se realizar com debates, na opinião do Procurador do Ministério Público, Ricardo Wagner Garcia. “Precisamos optar por um caminho de discussão do tema, reconhecimento do problema. Assim, aproximam-se também instituições e órgãos públicos da sociedade, esclarecendo métodos e critérios do trabalho” declarou.
Psicóloga do sindicato, Stelamaris Zanatta, expôs as dificuldades e maus tratos que a categoria é submetida pelos bancos, citou os problemas e a luta para buscar perícia no INSS. “O trabalhador quando pede ajuda já está doente demais, às vezes não sabe o porquê do adoecimento, não há seguro solidão.” Stela agradeceu a coragem de todos os participantes dos grupos, pois neles se encontram apoio que a empresa deveria dar ao trabalhado.
Em sua fala, participativa, Roberto Revoredo Camargo, médico perito judicial, exemplificou casos e respondeu dúvidas. “Quando falamos em pessoas, precisamos analisar cada caso separadamente. Tudo deve estar devidamente ‘alinhado’, precisamos recolher todas as informações possíveis, pois isso auxilia o juiz na avaliação final do processo. Sobretudo é preciso ser justo.”
Não se pode desacreditar da justiça” confia Marcelo Silva Porto, juiz titular da 6ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul, Especializada em Acidentes de Trabalho. Marcelo afirma que a Vara do Trabalho, instalada em setembro de 2012, foi criada devido à demanda de acidentes regionais. “Nosso trabalho deriva de uma necessidade efetivamente social, não financista. Conscientizar que a prevenção é muito melhor que a indenização”.
Em torno de cem pessoas compareceram. O que confirma a importância de organização de eventos como este para todos os trabalhadores.
Assessoria de Comunicação Bancax