Após três dias de debates, o Encontro Nacional dos Funcionários do HSBC terminou na sexta-feira 17 em Curitiba com a aprovação da pauta de reivindicações específicas, que tem como prioridades a defesa do emprego e as condições de trabalho, e com um ato de protesto em frente do Palácio Avenida, sede do banco inglês no Brasil, contra a política de recursos humanos da empresa e contra as demissões.

Os cerca de 100 participantes de todas as regiões do país, que participaram do Encontro, se concentraram ao meio-dia em frente ao prédio no centro da capital paranaense, dialogando com a população e com os bancários e denunciando as dificuldades enfrentadas pelos bancários do HSBC no Brasil e o desrespeito da diretoria do banco em não tratar seriamente as negociações coletivas.

"Há muito tempo que o HSBC não negocia com seriedade a pauta apresentada e os problemas só se agravam. O banco responde uma demanda com outro problema criado. Tem sido assim com o programa próprio de remuneração variável (PPR), que é o pior dentre todos os bancos, com as alterações unilaterais no plano de saúde e na previdência complementar, além da falta de funcionários e do adoecimento dos bancários, que estão tomando medicamentos de tarja preta para suportar o alto nível de estresse e pressão cotidianas. E quando adoecem são perseguidos e demitidos", protestou Carlos Kanak, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC e secretário de Finanças do Sindicato dos Bancários de Curitiba.

A falta de funcionários nas agências para assegurar o bom atendimento aos clientes, somada à pressão diária para o cumprimento de metas abusivas, tem transformado o dia a dia nas unidades num verdadeiro inferno. E, ao invés de o banco atender as reivindicações dos trabalhadores de efetuar mais contratações, o banco vem eliminando postos de trabalho. Em 2012 foram 1.002 cortes. Somente no mês de março houve mais de 40 demissões. O ambiente está tão ruim que, dos desligamentos em 2012, 45% foram a pedido.

Demissões, apesar dos altos lucros

"E no dia 15 de maio, o CEO global do HSBC, Stuart Gulliver, que recebeu R$ 16,2 milhões em bônus pelo resultado produzido pelos bancários, anunciou mais um corte de 14 mil funcionários em todo o mundo, como forma de aumentar a rentabilização e o pagamento de dividendos aos acionistas, apesar do lucro global no primeiro trimestre de 2013 já ser o dobro do mesmo período do ano passado", protesta Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

"Isso é um absurdo, pois, além da rotatividade no HSBC ser uma das mais altas no sistema financeiro nacional, o número de postos de trabalho eliminados chega a nos assustar, diante da realidade e necessidades das agências", critica Miguel, que é funcionário do banco inglês.

Acrescenta o secretário de Organização da Contraf-CUT: "Para tentar esconder o sol com a peneira, para somente inglês ver, o banco investe mais em terceirização, utilização indevida de jovens aprendizes, dos correspondentes bancários, contratos temporários para algumas funções, como os ‘hunters’, e como se o trabalho nas unidades não fosse pouco, criou um modelo de compartilhamento de unidades, onde um gerente operacional fica responsável por até três unidades. E como se não bastasse, o sistema operacional do banco é obsoleto, gerando retrabalho, com demora nos procedimentos e falhas operacionais. E ao final o banco ainda responsabiliza diretamente os funcionários por essas falhas. Não é à toa que novamente o HSBC em 2012 foi o banco mais reclamado junto ao BC".

"Basta!" é a palavra de ordem

Para dar resposta a esse verdadeiro cenário de filme de terror a que estão submetidos os funcionários do HSBC no Brasil, o Encontro Nacional aprovou o lançamento de uma campanha nacional, com a palavra de ordem "Basta!", que terá peças publicitárias abordando a questão do emprego e procurando dialogar com trabalhadores, clientes, usuários e governo federal.

Também foi aprovada a retomada dos Grupos de Trabalho (GT) para a formulação e encaminhamentos das questões relacionadas à remuneração (criação de uma proposta de PCCS); Saúde e Previdência Complementar.

A participação dos bancários brasileiros também na Jornada Continental de Lutas, convocada pela UNI Américas para junho, é outra atividade considerada fundamental, pois somente no Brasil há a figura da rotatividade, que serve apenas para reduzir os custos com mão de obra das empresas de um modo geral, expelindo os bancários no auge de sua produtividade.

Outro ponto aprovado é a necessidade de formalização das demais conquistas obtidas nos últimos anos, como fruto da luta dos bancários do HSBC, mas que não possuem nenhum acordo específico assinado. "Parece que é uma liberalidade por parte do banco, o que obviamente não é", diz Miguel.

A Contraf-CUT convocará para os próximos dias os integrantes da COE HSBC para encaminhar a pauta discutida e aprovada pelos participantes e agendar a data da entrega ao banco.

"Temos de registrar aqui toda a organização do evento, o interesse e participação de todos nos debates, a disposição de realizar um excelente trabalho em todo país para alcançarmos nossos objetivos. E o mais importante: o espírito de unidade que perpassou todo o encontro, sem nenhum tipo de contratempo, onde os interesses dos funcionários do HSBC estiveram no centro o tempo todo", observa Alan Patrício, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT e funcionários do banco.

"Por isso que podemos avaliar, a partir das avaliações de todos, o excelente evento que realizamos. Onde discutimos desde a importância de reajustar o reembolso do quilômetro rodado, que está há anos em R$ 0,44, até a importância de chegarmos a Londres com nossas reivindicações e mobilizações", conclui Alan.

Fonte: Contraf-CUT

 


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