O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,2% no terceiro trimestre em relação a igual período de 2012. Os dados do IBGE foram divulgados na terça-feira 3 e o índice ficou um pouco abaixo de previsão feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de 2,5%. E mais: em relação ao trimestre passado, houve recuo de 0,5%, o pior resultado desde 2009.

Para a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, esse pode ser mais um reflexo da alta da taxa básica de juros. A Selic subiu novamente 0,5 ponto percentual no último dia 27, chegando à casa dos 10% ao ano e invertendo a lógica estabelecida no início do governo Dilma Rousseff, quando apresentava tendência de queda e os bancos públicos reduziam suas taxas, favorecendo o acesso ao crédito. O que se percebe agora é a volta de um movimento de elevação dos juros cobrados do consumidor e das empresas, encarecendo e dificultando o crédito que faz o Brasil crescer.

A taxa de juros média do crédito livre da economia brasileira (empréstimos realizados pelos bancos em geral), que era de 31,8% em março de 2012 (quando o governo iniciou as medidas de redução do spread), caiu para 25,3% no fim do ano passado. Depois disso, voltou a subir e chegou a 29% em outubro de 2013. Esse movimento de elevação se acentuou a partir de abril, quando o Banco Central voltou a elevar a Selic. Desde então, foram seis altas, saindo de 7,25% ao ano para os atuais 10% ao ano.

Sempre ganham – O reflexo é direto. A taxa básica de juros é uma referência para o custo de captação de dinheiro dos bancos. Quando sobe a Selic os bancos gastam mais para captar dinheiro e repassam esse valor aos consumidores. Isso não significa que as instituições financeiras deixem de ganhar quando a Selic sobe. Pelo contrário: elas são detentoras de cerca de 30% da dívida pública brasileira em boa parte remunerada pela Selic, que, quando elevada, gera enormes resultados para os bancos.

“Ou seja, esses aumentos da Selic atendem exclusivamente a interesses do mercado e dos bancos. O crédito passa a escassear em função de o dinheiro render mais na especulação do que emprestado, fazendo girar a roda da economia e da produção nacional”, critica Juvandia.

Os números comprovam. Conforme a taxa básica de juro sobe, o crescimento do crédito no Brasil perde ritmo. Foi assim ao longo de todo o ano de 2013. Em dezembro de 2012 o crédito total do Sistema Financeiro Brasileiro crescia a uma taxa de 16,4% em 12 meses. Na última divulgação do Banco Central percebe-se que o ritmo caiu e em outubro de 2013 o crédito total cresceu a 14,7% em 12 meses. A perda de fôlego se dá de forma mais acentuada no crédito destinado às empresas, que passou de uma taxa de crescimento de 16,1% em dezembro de 2012 para 12,9% em outubro de 2013.

Desperdício – Para a economista Patrícia Pelatieri, diretora-executiva do Dieese, “as sucessivas altas da Selic ampliam os ganhos de quem aplica no mercado financeiro e dificultam a vida dos trabalhadores, que sofrem com crédito mais alto”. Ela reforça que a medida afetará gradualmente as contas públicas, a demanda e os investimentos na economia brasileira. “Cada ponto percentual a mais na taxa de juros significa uma elevação com gastos dos juros da dívida para o governo federal na ordem de R$ 26 bilhões. Essa é a sexta alta da Selic, em que ela chega a 10%. Se em abril, quando começou o processo de alta, ela estava em 7,25%, significa que a despesa com os juros da dívida em 2013 aumentou em R$ 72 bilhões”, observou a economista em entrevista à Rádio Brasil Atual.

“É necessário baixar a Selic e aumentar o investimento público para o Brasil continuar crescendo”, finaliza a presidenta do Sindicato.

 

Fonte: Seeb São Paulo

 


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