A taxa média de juros cobrada do consumidor descontada a inflação pelo IPCA (índice oficial) –o chamado juro real– foi, em janeiro, a mais alta dos últimos 16 meses: 83,15% ao ano.

Até o mês passado, o maior juro real médio ao consumidor havia sido o de setembro de 2012 (87,05% ao ano).

Desde então, o juro real do Brasil –a taxa básica (Selic) descontada a inflação nos 12 meses anteriores– passou de 2,11% ao ano para 4,65%.

Os cálculos foram feitos para a Folha pelo economista Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas), a partir de dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

A Anefac considerou as taxas de seis linhas de crédito usadas para consumo, como cartão de crédito e empréstimo pessoal, e não levou em conta financiamento imobiliário e empréstimo consignado (descontado da folha de pagamento), por exemplo.

A taxa média ao consumidor vem acompanhando o movimento dos juros reais do país. Depois de cair em maio de 2013 para 77,1% ao ano –o menor valor desde o início de 2012–, ela agora está em uma trajetória de alta.

No caso do juro real brasileiro, o valor mínimo (0,62% ao ano) foi registrado em março de 2013, último mês em que a taxa básica, a Selic, esteve no menor patamar da história, 7,25% anuais.

Para Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, o governo deve continuar aumentando o juro básico para conter a inflação, que, apesar da desaceleração em janeiro (5,59% em 12 meses), ainda é considerada preocupante.

"Por isso, é provável que os juros do crédito voltem a subir nos próximos meses."

Desde abril do ano passado, foram sete aumentos da Selic, hoje em 10,5% ao ano.

Um dos componentes do cálculo do juro ao consumidor é o risco de calote. Apesar da queda da inadimplência desde setembro de 2012, a taxa ainda é considerada alta por instituições financeiras, que têm exigido mais garantias ao conceder crédito.

No cenário atual de cautela de bancos e aumento do juro básico, as taxas ao consumidor devem continuar subindo, segundo economistas.

"Por isso, a principal orientação é poupar antes de adquirir um bem", diz Clemens Nunes, da FGV-SP.

Fonte: Folha de São Paulo
 


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