28 de abril foi o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes do Trabalho. Nosso País é um dos líderes em acidentes de trabalho e doenças relacionadas as atividades profissionais. Todos sabemos desta triste realidade.

Ausência de fiscalização do Estado, falta de punição aos responsáveis, condições de trabalho precárias sem o oferecimento de equipamentos de proteção individual compatíveis, inexistência de treinamento para os trabalhadores, estabelecimento de metas inatingíveis, ambientes de trabalho deteriorados do ponto de vista físico e psicológico, são algumas das razões pelas quais o Brasil permanece com elevados índices de adoecimento e acidentes no local de trabalho.

Muitas vezes, a doença no trabalho vira apenas uma estatística fria a ser examinada por um burocrata qualquer. Mas, não deveria ser assim. Os números alarmantes de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, deveriam nos fazer refletir profundamente sobre o tema e termos um processo de reflexão para tentarmos encontrar soluções que modifiquem o atual estado de coisas.

Para isto é preciso que a sociedade reaja. Não é mais possível convivermos com empresas que são causadoras de adoecimento de seus trabalhadores. Os bancos que estabelecem metas abusivas, pressões diárias no local de trabalho, ausência de descanso, ameaças de demissões, e que acarretam centenas de afastamentos por depressão em todo o Brasil, precisam ser identificados e precisam responder pelos prejuízos que acarretam para toda a sociedade. As empreiteiras que não oferecem condições de segurança no local de trabalho precisam ser identificadas para responder pelos prejuízos que acarretam para toda a sociedade.

Nosso escritório presta atendimento a muitos trabalhadores afastados em decorrência de doenças relacionadas ao local de trabalho. Entendemos bem o sofrimento destes trabalhadores, de seus familiares, e a repercussão disto nas suas vidas profissionais e pessoais. Para nós, estes trabalhadores não são apenas uma estatística. Eles são a prova viva de que é preciso lutar, é preciso organizar, é preciso resistir. Nós queremos trabalhadores sem doenças, sem acidentes.

Este dia não é apenas de memória, ele é um dia de luta, de consciência.

No ano da Copa do Mundo, onde tantos trabalhadores perderam suas vidas na construção de estádios de futebol por todo o Brasil, vai nossa sugestão para que o primeiro jogo da Copa do Mundo tenha um minuto de silêncio em homenagem a todos aqueles que morreram em acidentes durante estas construções. Isto é uma homenagem de um povo para seu povo.

Antônio Vicente Martins
Advogado do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre

Fonte: Fetrafi-RS


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