Dias depois de o Banco Central de Portugal afirmar que considera desejável que o Banco Espírito Santo (BES) tenha uma nova estrutura societária o mais depressa possível, o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, disse que "faz sentido" os acionistas do BES reforçarem o capital da instituição. Ele afirmou, porém, não haver nada definido nessa direção e que o Bradesco, que tem participação de 3,9% no banco português, não foi chamado para discutir o tema.

"Teria de ser reavaliado [um reforço de capital dos sócios no BES]. Não fomos convocados para isso. Faz sentido", afirmou após evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), ao ser questionado por jornalistas.

Além da participação minoritária do Bradesco e de outros investidores, o BES tem como principais acionistas o francês Crédit Agricole e a gestora americana BlackRock.

De acordo com Brandão, as informações são de que o BES está "bem, enxuto e respaldado" pelo BC português. Em sua avaliação, os problemas financeiros estão na ESI e não no BES. A holding do Grupo Espírito Santo, disse Brandão, está endividada e não tem liquidez. Dessa forma, acrescentou ele, os administradores do grupo terão de se desfazer de ativos.

"[O Grupo Espírito Santo] teve descompasso no endividamento partindo da holding. Os sócios estão naturalmente numa situação embaraçosa em que dependem de vender ativos. Isso demanda tempo", disse o presidente do conselho de administração do Bradesco. "O grupo está endividado e não tem liquidez. Tem de realizar ativos, o que não se faz de uma hora para outra", completou.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou não haver preocupação em relação ao sistema financeiro da Europa e nem mesmo quanto ao Banco Espírito Santo (BES). "Não há nenhuma preocupação", comentou ao fim de uma palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Durante a apresentação, Barroso afirmou que a União Europeia trabalha desde a crise de 2009 no sentido de aumentar a união bancária no continente.

O BES informou ontem que vai nomear uma instituição financeira internacional reconhecida para avaliar oportunidades para melhorar a estrutura de seu balanço.

O BES, o maior banco listado de Portugal, ganhou o centro das atenções após irregularidades financeiras na Espírito Santo International (ESI), uma holding pertencente à família fundadora do banco, que entrou com pedido de proteção contra credores em Luxemburgo na sexta-feira.

O BES era controlado e administrado pela família Espírito Santo até poucas semanas atrás, mas membros da família reduziram sua participação acionária e saíram de cargos de alto escalão do banco. O economista Vitor Bento é o novo presidente-executivo depois de Ricardo Espírito Santo Salgado, o patriarca da família, ter deixado o posto.

O banco central de Portugal disse que o BES possui colchões de capital suficientes para lidar com quaisquer perdas resultantes de danos colaterais por problemas financeiros da família, e que o banco pode fazer captações junto a investidores privados se houver necessidade adicional. (Com Reuters)

Fonte: Valor Econômico
 


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