Quando uma bancária da agência Sarandi do Bradesco, em Porto Alegre, teve seu carro fechado por outro veículo branco nas proximidades de sua casa, por volta das 8h da manhã de terça-feira (5), e seis homens desceram, sua vida mudou para sempre.

Eles andaram na direção do automóvel da funcionária e disseram que sabiam muito de sua rotina. Sabiam sobretudo qual era seu cargo, qual banco trabalhava, onde morava e o horário de abertura do cofre da agência. Com essa ação criminosa, o Rio Grande do Sul registrou o quinto ataque a bancos em agosto, média de um por dia.

E o pior ainda estava para acontecer. Para mostrar que não estavam para brincadeiras, ameaçaram com armas de grosso calibre, como metralhadoras, e fotografias de trabalhadores da agência. Avisaram que queriam dinheiro e mantiveram dois familiares da bancária como reféns por cerca de três horas. Ela foi levada para a própria casa e lá os criminosos chegaram a tirar fotos de sua filha, no próprio celular da bancária, com uma metralhadora no colo.

Para aterrorizar, mostraram fotos da criança na escola, do marido e disseram que matariam todo mundo se, até as 11h, ela não entregasse o resgate, dinheiro do banco. Sabiam o horário que o cofre abria e quem tinha a chave.

"Temos dito e repetido para os bancos, para a polícia e para a imprensa que os assaltantes estão cada vez mais ousados. Eles investem em informação. Sabiam a rotina de uma trabalhadora, da família dela e de colegas. Seria mais um dia normal na vida de uma bancária e se tornou um dia em que a vida dela foi marcada para sempre", disse Everton Gimenis, presidente eleito do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre.

Gimenis é funcionário do Bradesco e esteve, durante toda a tarde, junto com outros dirigentes do Sindicato, dentro da agência para garantir que os gestores do banco não fossem abrir as portas. O clima entre os colegas era de terror.

"É impressionante e inadmissível que um banco como o Bradesco demonstre um descaso tão grande com a vida de uma funcionária exemplar e dos colegas que estão em sofrimento. Estivemos na agência e os colegas não tinham condições de trabalhar", acrescenta Gimenis.

O diretor do SindBancários e também funcionário do Bradesco, Gilnei Vestfal, acompanhou os desdobramentos da ação. Ele conta que a colega sofreu muito e que o banco não ajudou como deveria.

"Ela desmaiou dentro do banco duas vezes. Acompanhamos a colega em seu depoimento à polícia. Vamos acompanhá-la e colocar toda a estrutura do Sindicato à disposição. Vamos trabalhar para garantir que todos os procedimentos médicos sejam realizados e que ela tenha todo o acompanhamento necessário, além de segurança", explicou Gilnei.

A agência permaneceu fechada. Dirigentes sindicais irão monitorar nos próximos dias para avaliar se os colegas estão em condições psicológicas para exercer as suas funções. Os diretores do Sindicato, Edson da Rocha, Marcelo Paladin, Nilton Gomes e Milena de Oliveira, também estiveram na unidade prestando auxílio.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Porto Alegre
 


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