Em ação judicial movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Caixa Econômica Federal foi condenada a indenizar uma ex-empregada vítima de três assaltos na agência onde trabalhava. A bancária sofreu sequelas pós-traumáticas e até hoje, mais de 20 anos depois, ainda toma remédios para controlar a síndrome do pânico.

A Justiça considerou que a Caixa teve responsabilidade direta nos problemas psíquicos desenvolvidos pela bancária por não ter disponibilizado auxílio psicológico após os atentados, corridos em 1993 e 1994.

A ex-bancária conta que em dois dos três assaltos a Caixa não designou nenhum profissional psiquiátrico, como determina a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) assinada entre os bancos e as entidades sindicais. Ela e seus colegas ainda tiveram de voltar ao trabalho no mesmo dia dos crimes.

"Depois que desenvolvi a doença continuei sem assistência nenhuma. A Caixa não fez nada para me ajudar. Parecia até que era eu que estava errada por ter a doença, comecei a sentir vergonha. Fui muito humilhada e foi uma empresa para a qual entreguei minha vida inteira, me dedicava ao máximo, sempre coloquei o banco em primeiro lugar", desabafa a bancária.

Ela conta que demorou a receber o diagnóstico exato da doença. "Naquela época ninguém falava ainda em síndrome do pânico ou estresse pós-traumático. Morava na Lapa e trabalhava em Moema, quando pegava a Marginal para ir ao trabalho começava a passar mal, tinha que parar para vomitar. Fui internada e ninguém sabia o que eu tinha. Eu achava que estava ficando louca, acordava no meio da noite com palpitações, era uma sensação horrível", relata.

A decisão em favor à trabalhadora foi do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A ação terá agora de voltar para o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (São Paulo) para a estipulação do valor da indenização.

"Já sofri demais com isso, fiz muita peregrinação no INSS. Foi muito bom ganhar a ação, não só pelo dinheiro, mas pelo que a Caixa fez comigo. Eles não poderiam ter tratado uma empregada que sempre defendeu a empresa com unhas e dentes. Essa vitória é para lavar a minha alma", comemora.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo
 


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