Sócio da Caixa Econômica Federal no banco Pan, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, fez críticas ácidas ao governo da presidente reeleita, Dilma Rousseff; segundo ele, o segundo mandato será um governo "mais do mesmo"; ele também apontou como causas da inflação pontos como o aumento do crédito, que tem a Caixa como um dos principais agentes, e a expansão do salário mínimo; “Essa pressão inflacionária não tem muito segredo. Nós expandimos o crédito no limite, expandimos o gasto fiscal e subimos o salário acima da produtividade. Em um certo sentido, a inflação acaba tomando o que nós demos indevidamente”, disse ele; nos bastidores, Esteves pressiona para ampliar seus negócios com a própria Caixa, mas enfrenta resistências

O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, fez críticas ácidas ao governo e ao estilo da presidente Dilma Rousseff, num evento promovido pelo grupo Lide, do empresário João Doria.

É uma sinalização arriscada, uma vez que Esteves é sócio da Caixa Econômica Federal no banco Pan, uma instituição financeira que pertenceu ao grupo Silvio Santos e recebeu aumentos de capital bilionários nos últimos anos.

Esteves falou num encontro de empresários no fim de semana e afirmou que as medidas do governo para melhorar o ambiente econômico serão insuficientes, segundo relatou a colunista Sonia Racy, do Estado de S. Paulo (leia aqui sua coluna). “Acho até que o governo vai fazer algum movimento econômico na direção certa, mas virou um jargão meu dentro da empresa, \’too little, too late\’. As ações virão um tanto tarde e serão poucas", disse ele.

O banqueiro ecoou também ideias de um de seus sócios, Persio Arida, que, durante a campanha presidencial, criticou a alta do salário mínimo – naquele momento, Arida, Esteves e o BTG patrocinavam um evento em torno do tucano Aécio Neves em Nova York.

“Essa pressão inflacionária não tem muito segredo. Nós expandimos o crédito no limite, expandimos o gasto fiscal e subimos o salário acima da produtividade. Em um certo sentido, a inflação acaba tomando o que nós demos indevidamente”, disse o banqueiro.

Numa só frase, Esteves criticou a alta do crédito público, que tem a Caixa como um dos principais agentes, a situação fiscal, que envolve programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida – e que, novamente, passa pela Caixa – e o aumento do mínimo.
No entanto, a despeito das críticas, ele fez uma ressalva. Não haveria risco de "bolivarianismo". “Vejo um governo ‘mais do mesmo’. Não vejo nenhum risco significativo de virarmos uma Argentina ou de um governo bolivariano”, afirmou.
Nos bastidores, o banqueiro tem pressionado para ampliar seus negócios com a Caixa Econômica Federal em diversas áreas e tem se queixado de resistências contratuais e institucionais. Num encontro recente com a cúpula da instituição, chegou a defender a tese de que a Caixa deveria atuar mais como banco de fomento do que como banco comercial. As barreiras que têm encontrado ajudam a entender suas críticas à política econômica.

Fonte: 247
http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/desafio-e-produzir/
 


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