O trabalhador x suicídio x autópsia psicológica

O objetivo deste texto é instigar sobre a interferência da organização do trabalho na decisão do trabalhador suicida. Ou da interferência de histórico familiar, relacional, social ou de adição de álcool ou drogas na pessoa que tenta o suicido. Ou o somatório de ambos os fatores, tanto de pressões organizacionais quanto as pessoais no potencial suicida.
O suicídio, no contexto profissional, constitui um objeto importante de investigação das consequências das praticas empregadas por organizacional contemporâneas, que desmerecem a humanização das relações interpessoais e colocam metas e praticas de pressão, que e o caso da categoria bancaria.

Justamente para não enlouquecer, Mendes (2007) explica que o indivíduo adota estratégias de defesa, que são as mediações ao sofrimento, como o cinismo, a dissimulação, a hiperatividade, a desesperança em ser reconhecido, o desprezo, os danos aos subordinados, a negação dos riscos inerentes ao trabalho, a comunicação distorcida, entre outras. Vemos então, que quando o trabalhador não tem mais recursos físicos ou psíquicos acaba entrando num redemoinho sem volta.
Cabe a nos psicólogos organizacionais o trabalho da prevenção, de orientar o trabalhador a não entrar no redemoinho e correr o risco de não dar a volta. Mas muitas vezes cabe a nos o papel de realização de autopsia psicológica, e isso mesmo? Sim, O termo AUTÓPSIA PSICOLÓGICA e um estudo retrospectivo que reconstitui a morte de indivíduos suicidas. Como foi o caso do piloto que arrastou consigo 150 pessoas. Se podemos falar que ele se suicidou ou não, cabe o papel aos profissionais da área da psicológica em reconstituir essa tragédia com autopsia psicológica?
O Psicólogo colhe informações a partir de entrevistas com colegas, familiares, vizinhos, amigos, sobre o que pode ter levado a tal ato ou não, e o porquê teria arrastado consigo mais 150 pessoas? Aqui no contexto cabe instigar, falta de reconhecimento? Potencial suicida? Problemas relacionais e afetivos? Crise financeira? Solidão? Excesso de pressão no trabalho?
Welang e Botega elaboram e validaram um roteiro de entrevistas semiestruturadas para o estudo da autopsia psicológica em casos de suicídio focando se em fatores que podem levar a morte/? Que precipitaram a morte? Qual a motivação para o suicídio? A letalidade da morte (Modo da morte), que se for comprovado arrastar consigo tantas pessoas? A intencionalidade da morte?
Escrevi este texto para colocar que cabe a nos profissionais da área, fazer um trabalho preventivo. Poderíamos ter mais um viés de mercado de trabalho para os psicólogos?
Mas o convite que fica e sobre um pensar: o que faço com meu mundo do trabalho? Com minha área afetiva? Com meu lazer? Caso não consigam obter respostas satisfatórias sobre a qualidade de vida busque ajuda, procure o sindicato no setor de SAÚDE MENTAL.

Stelamaris Zanatta – Psicóloga do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região


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