Os educadores públicos de todo o Brasil farão atos políticos e mobilizações nesta terça-feira, dia 5 de maio, para dizer a governadores e prefeitos que é preciso cumprir o Piso Nacional do Magistério e manter os investimentos previstos pela legislação para fortalecer o ensino público.

Será um dia também para apoiar a greve dos professores do Paraná e mais uma vez denunciar e condenar a repressão policial que o governo tucano de Beto Richa dirigiu aos educadores do estado no último dia 29.

A orientação geral da CNTE-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) é que os profissionais da rede pública vistam preto amanhã e, aqueles que puderem, realizem manifestações diante das assembleias legislativas e das câmaras municipais.

O presidente nacional da CUT Vagner Freitas participará das mobilizações em Curitiba, palco do ataque contra os professores ocorrido na semana passada.

Há vários pontos em comum na agenda e na pauta de reivindicações dos professores, professoras e trabalhadores de escolas em todo o território nacional. Um deles é a exigência de que se pague o Piso Nacional de Magistério para todos, como determina a lei. Para tanto, é necessário respeitar e conceder o reajuste de 13,01% previstos para os pisos salariais neste ano.

Governadores e prefeitos têm alegado que a necessidade de cortar custos e promover ajustes nas contas do poder executivo impede a concessão dos aumentos salariais. Para a secretária-geral da CTE, Marta Vanelli, essa justificativa não se sustenta diante dos fatos.

Bons exemplos

Ela lembra que estados mais pobres, como Piauí, Maranhão, Acre, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso já cumpriram seu dever e estão pagando o reajuste de 13,01% referente à atualização do Piso Nacional do Magistério calculado para este ano. "Enquanto isso, o estado mais rico do País, que é São Paulo, diz não haver condições de fazer sua parte?", questiona Marta.

Ela é professora em Santa Catarina, onde também há greve faz 45 dias por, entre outras reivindicações, o reajuste do Piso. "A recusa dos governadores em nos atender, em dialogar, não se explica por questões monetárias. É uma atitude política", completa.

Ela crê que o Conselho dos Secretários Estaduais de Ensino (Consed) deveria cumprir o papel de negociação em nível nacional. Mas o problema, segundo Marta, é que o presidente do Conselho, Eduardo Deschamps, é o mesmo secretário de Santa Catarina que afirma não negociar com categorias em greve. "Ele leva essa postura como tendência para o Conselho", comenta.

Clima de comoção

Na capital paranaense, haverá caminhada e ato político a partir das 9h, no Centro Cívico, praça que reúne as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Às 14h30, os professores realizam assembleia estadual para definir se mantêm ou não a greve. Marta aposta num ato bastante grande, em virtude da escalada de organização que o APP-Sindicato demonstra desde o início do ano e do clima de comoção que tomou conta da cidade e do estado.

Nesta segunda, 4 de maio, até mesmo o secretário de Segurança de Beto Richa, Fernando Franchischini, disse que "nada justifica" o que aconteceu no último dia 29.

Em São Paulo

Para a presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, a Bebel, o modo de operação dos governos paulista e paranaense é o mesmo.

"Em comum há a truculência. Quando não usam a violência explícita, como foi no Paraná, usam a implícita, atos burocráticos, proibitivos para que não possamos nos manifestar, judicializando a greve e determinando que paguemos multa em caso de bloqueios de rodovia para chamar a atenção da sociedade", disse.

De acordo com a dirigente, 52% dos professores paulistas estão de braços cruzados, o equivalente a 132 mil trabalhadores.

"Enquanto o governador Alckmin diz que a greve não existe, aumentamos a resistência. Nós ficaremos em greve até que governo apresente uma proposta", defendeu.

Fonte: CUT Nacional
 


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