Covardia, falta de noção de liberdade de imprensa, algo feito por quem desconhece o trabalho de um setor de imprensa de Sindicato e a luta dos trabalhadores. A irreverência, o trabalho premiado, o talento e a picardia do chargista e jornalista diplomado do SindBancários, Augusto Bier, foram ameaçados de forma velada por meio de telefonema anônimo, na noite da segunda-feira, 3 de agosto. Além das ameaças, a covardia afronta a Constituição Federal de 1988.

Por volta das 20h, o telefone tocou na casa do chargista Bier. Do outro lado da linha, uma voz masculina desferiu as seguintes palavras de ódio e afronta à liberdade de expressão: “Tu para com essas charges, com essas gracinhas ofendendo o governador Sartori, senão eu vou danificar os teus instrumentos de trabalho. Eu vou quebrar os teus braços.”

As ameaças tinham por objetivo amedrontar o chargista e fazer com que ele recuasse na publicação de charges que criticam o governador José Ivo Sartori pela política de desmonte do Estado e de cortes de salários de servidores públicos, como policiais civis e militares. “O riso é uma capacidade que os seres humanos têm e que nos diferencia dos animais, já dizia Aristóteles. Quanto aos políticos, os chargistas, os humoristas têm obrigação de desnudar os equívocos, os erros, as injustiças e até as roubalheiras que estes praticam através dessa linguagem não linear. Entendo que fazer rir e criticar a política é função e até obrigação social dos chargistas. Certas coisas seriam impossíveis de serem ditas a não ser através do riso”, explicou Bier.

Além de registrar ocorrência na 1º Delegacia de Polícia, de Porto Alegre, Bier publicou, nesta quinta-feira, 6/8, no site oficial do SindBancários uma charge inédita tendo o governador José Ivo Sartori como personagem. A Polícia Civil deve pedir quebra de sigilo telefônico para identificar a origem da chamada. “Fui muito bem tratado na delegacia. Os policiais estão mesmo indignados com os cortes de salários e com os cortes de investimento em segurança pública”, acrescentou Bier.

A direção do SindBancários tomou algumas providências. Bier está sendo acompanhado por um segurança. A assessoria jurídica do Sindicato já está acompanhando os desdobramentos da investigação policial. Na medida do possível e cuidando para não atrapalhar as investigações, vamos divulgando informações sobre o andamento das investigações.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, reagiu indignado às ameaças. “Esse tipo de atitude não é republicana, não é nenhum pouco decente e não condiz com o clima democrático que vivemos no país. As ameaças não calarão o Sindicato na defesa dos servidores públicos do Banrisul e de qualquer servidor. Ao contrário, o nosso chargista Bier tem liberdade para fazer a crítica a quem merece ser criticado por meio de suas charges”, diz Gimenis.

A diretora de Comunicação do SindBancários, Ana Guimaraens, classificou de absurda e covarde as ameaças. “Não estamos acusando A ou B. Até porque, ameaças em nome de agentes públicos ou políticos podem ser feitas por qualquer pessoa. O que nos preocupa é a intransigência com relação ao trabalho dos jornalistas e o ódio que tem sido disseminado contra diferentes posicionamentos políticos. Infelizmente, temos que garantir a liberdade de imprensa através da polícia”, acrescentou Ana.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS (Sindjors), Milton Simas, que é funcionário do SindBancários, e colega de Bier, evocou a liberdade de expressão garantida pela Constituição Federal de 1988. “O Bier é um chargista premiado, reconhecido, com trabalhos divulgados e conhecidos internacionalmente. Também é um jornalista diplomado que tem direitos constitucionais de liberdade de expressão. Nós, do Sindicato dos Jornalistas, estamos acompanhando desde que soubemos e já estamos tomando providências para cobrar da Polícia Civil a elucidação do caso. Tanto nós, jornalistas e comunicadores, como a sociedade, merecemos saber quem fez essas covardes ameaças a um colega com muitos anos de trabalho”, explicou Milton.

O que diz a Constituição Federal

“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” (art. 5º, inciso IX);

“É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística” (art. 220, § 2º).
 

Fonte: Imprensa SindBancários

 

 


Compartilhe este conteúdo: