Por Maria Júlia Montero e Sara Siqueira*
Todos as cidades brasileiras estão passando por discussões para aprovar os Planos Municipais de Educação (PME), que definirão as metas e estratégias para uma educação de qualidade para nossas crianças e jovens nos próximos 10 anos. Em São Paulo, o PME foi construído após mais de 2.000 encontros, com mais de 20.000 profissionais e teóricos da educação e as comunidades escolares, desde 2007.
Agora, na reta final da aprovação do PME, grupos fundamentalistas religiosos têm se articulado para retirar as menções a “gênero” e “diversidade sexual”. Esses grupos afirmam que se tiver gênero no PME, não haverá mais banheiros separados entre meninos e meninas nas escolas, ou que os professores passarão a ensinar as crianças a serem transexuais e que a família será destruída. Tudo isso é mentira.
A afirmação da igualdade de gênero na educação não é nada mais que dizer que queremos uma sociedade igualitária entre homens e mulheres, e que a escola deve trabalhar para isso. Queremos que meninos e meninas possam brincar com os mesmos brinquedos. Queremos que os meninos aprendam que não podem bater nas meninas, e que podem chorar quando sentirem vontade. Queremos que as garotas possam correr tanto quanto os garotos na hora do recreio. Queremos ensinar nossas meninas que elas podem ser o que quiserem na vida – desde médicas, até professoras, e que não é porque são meninas que não podem fazê-lo.
Discutir gênero na escola pode ajudar a prevenir a gravidez na adolescência, além de dar suporte em situações de violência intrafamiliar. A educação para a igualdade ou educação não sexista é, portanto, uma medida da qualidade da educação e de uma pedagogia da autonomia, necessária ao exercício da cidadania plena.
Queremos discutir gênero na escola para garantir que nossas crianças serão educadas para um mundo de igualdade, um mundo em que homens e mulheres sejam iguais em deveres e direitos, e que as mulheres não sejam maltratadas pelo simples fato de serem mulheres.
*Maria Júlia e Sara são militantes da Marcha Mundial das Mulheres e educadoras do Projeto Popular.
Fonte: Brasil de fato