Em mais uma rodada de negociações ocorrida na quinta-feira (24), o BRB não apresentou algo substancial digno de ser chamado de avanço, relativo à pauta de reivindicações específicas. Pelo contrário, o banco apresentou mais uma proposta de retrocesso no que já existe. Nesta segunda-feira (28)acontece nova rodada de negociações, ocasião em que o banco ficou de apresentar uma proposta para as cláusulas econômicas.

Efetivamente, a única resposta apresentada pelo banco quanto às reivindicações, foi a adoção de 10 dias de carência no cheque especial, a exemplo do que ocorre para clientes que pagam kit serviços. Porém, importante deixar claro que a proposta do banco significa que todos os funcionários tem 10 dias para cobrir eventual uso do cheque especial. No entanto, para exemplificar, caso sejam utilizados 11 dias do cheque especial, serão cobrados os juros referentes a esses 11 dias.

Quanto ao adicional noturno, hoje os funcionários que trabalham entre 22h e 6h recebem 35% de adicional. O banco propôs reduzir para 20%, conforme prevê a lei, o que foi prontamente rechaçado pelo Sindicato dos Bancários de Brasília.

"Como se vê, o banco não está levando a sério as negociações. Apresenta perfumarias e propõe retirar conquistas de anos. Desta forma, o primeiro presidente oriundo da casa está fazendo aos funcionários um convite à greve", afirmou o diretor do Sindicato, Ronaldo Lustosa, que também é bancário do BRB.

"Esperamos que o banco não venha com uma proposta ridícula como a da Fenaban. O BRB pode fazer a diferença, e apresentar algo decente, que mereça ser chamado de proposta", disse o secretário de Bancos Públicos da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), André Nepomuceno, também bancário do BRB.

BRB paga diferença de PLR

O banco reconheceu que cometeu erro quanto ao valor destinado para o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que ocorreu no dia 18 passado. Segundo os negociadores do BRB, houve erro contábil, o que fez com que se destinasse um valor menor do que o previsto. Desta forma, o banco pagará a diferença nos próximos dias, nos mesmos moldes do que foi pago dia 18. O montante da diferença é de aproximadamente R$ 370 mil.

"Sempre afirmamos que havia erro, portanto, o Sindicato, conforme comunicou em assembleia, cobrou do banco a revisão do valor destinado ao pagamento, erro agora corrigido", observou a secretária-geral do Sindicato, Cida Sousa, que também é bancária do BRB.

Redução de remuneração do presidente

Na quinta (24), mesmo dia da negociação com o banco, o presidente, Vasco Gonçalves, enviou para todos os funcionários um novo comunicado, mais uma vez falando de redução de custos, aliás, o que tem se tornado lugar comum em seus comunicados desde que ele assumiu a presidência do banco.

É lamentável que este tenha se tornado o mantra do presidente do BRB, numa inversão problemática de visão de gestão, onde, dos gestores, se espera que apresentem caminhos, horizontes para o crescimento, com indicações de ações que alavancarão o negócio, com geração de renda.
O pior é que, o gesto do presidente até seria uma atitude simbólica, positiva, caso ela tivesse partido de uma iniciativa real da diretoria. A redução da remuneração do presidente do banco, assim como dos presidentes das coligadas, só está ocorrendo porque foi uma determinação do governo Rollemberg, que obrigou estes a assim procederem, dentro do pacotaço de redução de despesas do GDF editado recentemente.

"Realmente passa dos limites esta atitude de tentar transformar uma determinação do governo em um gesto altruísta da direção do banco. Aliás, o que o Sindicato sempre ouviu, através de inúmeros comentários no banco é que, no primeiro semestre, houve foi uma tentativa de elevação da remuneração dos diretores aos valores que eram pagos para os antigos vice-presidentes, e que esta iniciativa não prosperou por iniciativa do Consad (Conselho de Administração) do banco", comentou o secretário de Estudos Socioeconômicos do Sindicato, Cristiano Severo, também bancário do BRB.

Outro aspecto relevante neste cenário é que o presidente do banco além de receber honorários 20 vezes superior ao salário de um escriturário, ainda engorda seu rendimento mensal com pró-labore de dois conselhos de empresas do conglomerado dos quais participa, elevando assim sua renda mensal em mais de R$ 10 mil. Ou seja, um corte de 20% nesta renda é considerável, mas nada que fará com que o presidente se veja em situação de dificuldades, tal qual acontece com os "mortais" bancários no dia a dia, que precisam fazer malabarismos para sobreviver com renda tão apertada.

Outra falácia do comunicado é que a suspensão do pagamento da PLR também decorre de determinação do pacote de Rollemberg, pois todo procedimento foi feito para que o crédito fosse efetivado agora em setembro para todos os diretores do banco e coligadas que apresentaram lucro. Porém, como o pacote foi editado antes de se fazer o crédito, ele foi suspenso.

"Utilizar este tipo de expediente, neste momento da Campanha Nacional, não passa de tentativa vã de desestimular os trabalhadores do BRB para que se engajem em uma campanha forte e vitoriosa. Esta é uma atitude infantil, que não surtirá o efeito que dela se espera. Aliás, nós bancários do BRB, devemos ver estas tentativas diversionistas como elemento a nos estimular a lutar por aquilo que nos é de direito: melhores salários e melhores condições de trabalho. Este é o momento adequado para darmos um basta nesta situação. É nossa data base, e não abriremos mão, em hipótese nenhuma, de termos uma campanha exitosa. Não são os funcionários os responsáveis pela atual situação do banco. Aliás, são eles que podem ser a saída, e nada melhor do que políticas corretas de estímulo para, juntos, buscarmos o melhor para o BRB", finalizou o diretor do Sindicato Antonio Eustáquio, que também é bancário do BRB.

Fonte: Seeb Brasília
 


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