Estamos vivendo um momento decisivo na vida de todos que trabalham no Banrisul e também para a sociedade gaúcha. Penso que o Banrisul é fundamental para o nosso Estado. Discordo profundamente daquela visão que surgiu na campanha salarial do ano passado. Diziam colegas Banrisulenses, motivados pelo clima eleitoral, que os problemas se resumiam a derrotar o governo anterior e eleger o atual governador José Ivo Sartori. Houve quem fizesse campanha eleitoral aberta, deformando o foco da nossa campanha salarial, que é a luta dos bancários.

Os dois Projetos de Lei que criam a Banrisul Cartões e a Rio Grande Seguros podem representar uma verdadeira ameaça ao patrimônio público e a todos os funcionários do Banrisul.O que vemos hoje é a confirmação do que já sabíamos. Esse governo é herdeiro do governo Britto. Veio para terminar o que foi começado há quase 20 anos. Quando um jornalista como o Políbio Braga encampa projetos dessa magnitude e tais projetos tramitam em regime de urgência na Assembleia Legislativa, temos que ficar alertas. A partir do dia 1º/12, os projetos trancam a pauta da Assembleia Legislativa.

A nossa mobilização conquistou alteração de um dos parágrafos do Artigo 22 da Constituição Estadual na década passada. Desde então, nenhuma empresa pública pode ser vendida sem que haja um plebiscito autorizando. Sim, somente os gaúchos, por votação, podem autorizar qualquer negócio envolvendo empresas públicas.

É tempo de lutarmos para preservar o patrimônio de todos os gaúchos. A bola da vez volta a ser o Banrisul. O presidente do banco, Luiz Gonzaga Mota, e o próprio governador do Estado, inclusive, já receberam os presidentes do banco espanhol Santander no Palácio Piratini em outubro. Foram objeto desta conversa o Banrisul e os projetos de criação das subsidiárias. Resta saber se a tática da associação entre banqueiros e o atual governo visa vender a totalidade das empresas que serão criadas ou se trata da abertura de caminho para vender todo o banco.

Precisamos trabalhar juntos. Já obtivemos compromisso da bancada do PT, PCdoB e PSOL. O que precisamos ter muito claro é que estamos diante de um novo ataque ao patrimônio público, sob nova ameaça de redução dos serviços públicos e temos apenas 20 dias para conseguirmos votos entre os deputados estaduais que possam, ao menos, dificultar a venda total das empresas criadas.

Porém, precisamos lidar com um cenário realista, pois é praticamente certo que os projetos que criam as duas subsidiárias serão aprovados. E há um risco muito alto: que o governo do Estado tente impedir qualquer proteção e abra o caminho para torrar o patrimônio público.

A nossa luta é por colocar salvaguardas nesses projetos. O patrimônio do Banrisul e dos Banrisulenses não pode ser rifado por nenhum governo. O caminho para afastar esse perigo é a nossa mobilização, a nossa participação e a nossa unidade. Precisamos mudar o voto de muitos deputados. Mudar votos na assembleia é defender o Banrisul.

Analisando a correlação de forças da AL, temos hoje 14 votos certos: PT (11), PCdoB (2) e PSOL (1). Pelas informações que a coordenação da bancada do PT, que ajudou a frente dos servidores no mapeamento das últimas votações como a das RPVS, a bancada do PTB também tem votado com a oposição e tem grandes chances de votar conosco.

Nossa luta será junto aos deputados estaduais. Temos que conversar com todos eles. Mesmo se conseguirmos os apoios já mencionados, chegaremos, no máximo, a 19 votos dos 55 deputados estaduais. Ou seja, temos que atuar no convencimento da base aliada do governo para termos chances.

Já tivemos indicação do presidente da assembleia, Edson Brum, do PMDB, sobre o contexto favorável à aprovação dos dois projetos de lei. Esse deputado nos disse que o governo Sartori não aceita nenhuma emenda protetiva. Se não houvesse intenção de privatizar o Banrisul ou as subsidiárias que pretendem criar, as emendas protetivas não seriam problemas nos Projetos de Lei da Seguradora e da Banrisul Cartões. O governo está jogando pesado para garantir seus votos.

É tempo de pressão corpo a corpo na AL e também nas cidades e bases eleitorais dos deputados estaduais. É importante enviarmos mensagens, e-mails, manifestarmo-nos nas redes sociais e em todas as formas de comunicação. Temos pouco tempo para vencer esta guerra.

Nós, do Sindicato e da Fetrafi, já fizemos reunião na CUT com a direção da Central para termos apoio de todos os sindicatos filiados, com a Frente em Defesa do Patrimônio Público e com lideranças da frente dos servidores. Estamos conversando com os sindicatos de bancários do interior para organizarmos atividades de pressão nas sedes eleitorais dos parlamentares. Mapeamos e visitaremos todos os municípios de origem dos deputados na assembleia.

Na reunião dos delegados sindicais, faremos um informe da situação e organizaremos os próximos passos. Também vamos fazer uma campanha de mídia e chamar uma assembleia para discutir dias de luta e paralisações nos dias da votação. Este é o momento de nos mover, unidos, na mesma direção, pois é a defesa do Banrisul público e de todos, o nosso maior compromisso.

Não deixe privatizar o que é teu!!!

Everton Gimenis – Presidente do SindBancários


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