No dia 18 de janeiro, véspera do primeiro dia do Fórum Social, será lançado em Porto Alegre o livro “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”. A publicação é fruto de uma extensa pesquisa realizada em Curitiba pelo Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) e o Sindicato dos Bancários da capital paranaense.

Na obra estão presente artigos de advogados, médicos e especialistas de outras áreas que traçam uma análise sobre os métodos de gestão, o assédio moral e suas consequências na vida dos trabalhadores. O livro ainda contém estatísticas levantadas pelos pesquisadores junto à Justiça do Trabalho, Ministério da Saúde, INSS e dados de homologações demissões de bancários.

“A ideia deste livro é apresentar de forma científica a forma perversa como o assédio moral reflete-se no ambiente de trabalho e também na vida dos trabalhadores. A publicação traz números, estatísticas, análises técnicas que comprovam de forma acadêmica a tese desenvolvida ao longo dos últimos dois anos”, explicou o presidente do Instituto Declatra, Mauro Auache.

O trabalho foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar por meio da coleta de dados de órgãos oficiais. A constatação é de que os métodos de gestão dos bancos estão levando seus trabalhadores ao adoecimento em virtude do assédio moral organizacional.

Desta mesma pesquisa resultou o movimento “Vítimas do HSBC” que apresenta os dados aliado a depoimentos de trabalhadores que mostram como suas vidas foram transformadas. Uma delas, por exemplo, relata a sensação de peso quando acorda para ir ao trabalho e a forma como isso afeta sua vida pessoal, com a ausência de ânimo para sair de casa, se relacionar e, por exemplo, o medo de ficar em locais públicos. Por mais que a exaustão física e mental tente convence-la a descansar, o medo das constantes ameaças de demissão que sofre quase que diariamente, a impedem de qualquer estímulo neste sentido.

Segundo o advogado Nasser Allan, um dos coordenadores da pesquisa e do livro, não se trata de um modelo exclusivo do HSBC: relatos de trabalhadores em outros bancos são bem parecidos. “Mas demos ao movimento o nome de Vitimas do HSBC, pois ele é um dos grandes representantes dessa prática”, fala. Além disso, a saída do banco do país torna a pauta urgente, ao trazer insegurança aos mais de 22 mil trabalhadores.

O ASSÉDIO MATA – O abuso em dados

O estresse e a depressão são as doenças que mais atingem os bancários. As funcionárias mulheres são as que mais sofrem: dos trabalhadores que deixaram o banco acusando problemas de saúde, 62% são mulheres. Elas também representam 59% dos casos de assédio por danos morais.

Os fatos mais assustadores são sobre mortes e suicídios. Entre 2006 e 2013, houveram 7.074 mortes de bancários no Brasil. A principal causa de morte, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foi o infarto.

Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças, fruto do medo de iniciar o tratamento e ser demitido pelo Banco.

Fonte: Seeb Curitiba
 


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