Após os diversos ataques a bancos ocorridos nas últimas semanas, a Fetrafi-RS está preocupada com o novo decreto do governo Sartori, cortando investimentos e congelando promoções e nomeações de novos servidores, que deverá agravar ainda mais crise da segurança. As entidades advertem que preparam novas manifestações e paralisações para o mês de março

Confira a reportagem publicada pelo portal Sul21, pelo jornalista Marco Weissheimer

A crise na segurança pública do Rio Grande do Sul é resultado direto do corte de investimentos, dos ataques aos servidores públicos e da total falta de orientação do governo do Estado na área. Essa crise é fruto da “política homicida do governo Sartori”, afirmou, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do RS (Ugeirm Sindicato), em nota publicada no site da entidade. Para o sindicato dos policiais civis, os investimentos em segurança desde a posse do governo José Ivo Sartori (PMDB) “beiram o ridículo”. Lembrando uma campanha publicitária promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, na década de 1980, a nota critica matéria publicada nesta segunda no jornal Zero Hora, que aborda a crise na segurança “nos últimos cinco anos”.

“No final dos anos 1980, uma campanha publicitária do Jornal Folha de S. Paulo dizia que é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. É o caso da reportagem especial que o Jornal Zero Hora traz na sua edição de hoje (25). Com o nome “Crise na Segurança”, traz o título de capa “Violência em todo lugar”. Na chamada da capa traz o texto: “traduzida em números, a insegurança dos últimos cinco anos espanta: só os assaltos aumentaram 60%”. Aqui começa a série de verdades que preparam uma grande mentira. Porque o corte dos últimos cinco anos como parâmetro? Porque não os últimos dez anos? Porque não o ano de 2015 somente? Zero Hora não explica a sua “opção metodológica”, mas fica claro, para um olhar mais atento, que a intenção é diluir a responsabilidade do governo Sartori/PMDB”, avalia.

Todos os dados apontados na referida matéria são verdadeiros, reconhece o sindicato, mas eles não consideram os expressivos cortes de investimentos na área da segurança pública, ocorridos em 2015, no primeiro ano do governo de José Ivo Sartori.

“Sabemos que existe uma crise estrutural na Segurança Pública, que é nacional. Essa crise é fruto da falta de uma política de segurança em todas as esferas de poder, federal, estadual e municipal. Mas a crise específica que é vivida hoje no Rio Grande do Sul, que é mostrada na matéria de Zero Hora, é fruto da política homicida do governo Sartori”, diz a nota. Nenhuma política de segurança, assinala ainda, resiste a um corte de mais de R$ 100 milhões no dinheiro que deveria ir para a ampliação e construção de novos presídios.

O sindicato faz uma comparação dos investimentos, em 2014 e 2015, em dois setores fundamentais para o trabalho dos servidores da área da segurança pública:

Investimentos em obras e Instalações na Secretaria de Segurança Pública:
2014 = R$ 123,8 milhões
2015 = R$ 9,4 milhões

Investimentos em Equipamentos e Materiais Permanentes:
2014 = R$ 92,9 milhões
2015 = R$ 39,3 milhões

“Esta é a verdade que Zero Hora esconde. O corte de investimentos, os ataques ao funcionalismo público (entre eles os policiais), a total desorientação na segurança pública, são os motivos para essa explosão de violência em 2015. E essa explosão tem a autoria do governo Sartori/PMDB”, sustenta o Ugeirm/Sindicato.

Na avaliação dos sindicatos de servidores da segurança pública, a crise na área pode se agravar ainda mais a partir do novo decreto (52.230/2015) editado pelo governador Sartori no último dia 12 de janeiro. O decreto corta, entre outras coisas, promoções de servidores públicos, investimentos em segurança, educação e saúde, e novas nomeações para cargos efetivos. Com isso, advertem as entidades, o déficit de servidores na segurança deverá seguir crescendo em 2016. Na avaliação da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), entidade que reúne os servidores de nível médio da Brigada Militar, o novo decreto de Sartori, “mantém a segurança pública como um setor secundário, apesar dos seguidos assassinatos de civis e militares, assaltos e a crescente violência no Rio Grande do Sul”.

Pedidos de aposentadoria de brigadianos e policiais civis crescem mais de 50% em 2015
O decreto em questão, segundo a Abamf, fará o déficit no efetivo da Brigada ultrapassar os 50%. Além disso, o congelamento das promoções para soldados e sargentos e dos cursos de avanço na carreira provocará uma nova debandada na corporação, “pois todas as vantagens para permanecer trabalhando estão sendo extinguidas pelo governador”.

O tratamento do governo Sartori foi diferente com os oficiais, assinala ainda a entidade, pois foram mantidos para eles os cursos de aperfeiçoamento e ascensão na carreira. A contenção no gastos de combustíveis, compra de material de trabalho e horas extras na BM também fragilizarão ainda mais a atuação dos policiais no combate à criminalidade, adverte a associação. “Serão menos viaturas circulando, poucos PMs nas ruas e cidades do interior sem policiamento”, afirma a Abamf.

Para a associação, “o atual governo gaúcho está manchando a história da Brigada Militar, promovendo um desmanche na segurança pública do RS pela falta de efetivo e material de trabalho”. Contra essa política, diz a Abamf, os brigadianos reagirão com novas manifestações e paralisações, a partir do próximo mês de março.

Fonte: Sul 21 via Fetrafi-RS

 


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