Um dia depois de apresentar, na terça-feira (03), nova proposta para os servidores de seis fundações estaduais com extinção aprovada no ano passado, o governador José Ivo Sartori (PMDB) informou, na manhã desta quarta (04), que o Rio Grande do Sul venderá 49% das ações ordinárias (com direito a voto) do Banrisul. São papéis caracterizados como “excedentes” pelo governo, isto é, que não retiram do Estado o controle acionário do banco. Também serão vendidos os 7% das ações preferenciais (sem direito a voto) que ainda estão em poder da instituição. A decisão recém havia sido comunicada ao mercado financeiro, no começo da manhã, em uma nota assinada pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores do banco, quando o governo convocou a imprensa para oficializar o anúncio.

Sartori afirmou, em coletiva no Piratini, que se trata de “ampliar a abertura do Banrisul para o mercado” e reiterou diversas vezes que a ação “preserva condição do Banrisul como banco público a serviço dos gaúchos e de sua economia” – o objetivo seria “fazer com que a instituição alcance nível de governança similar à de seus concorrentes”. O aporte de capital dessa operação, disse o governador, será “muito importante na caminhada da recuperação do Rio Grande do Sul”.

Serão 128 milhões de unidades acionárias – cujos valores, de acordo com o governo, é de cerca de R$ 17, ainda que dependam de flutuações –, mas Sartori disse que são se pode “antecipar absolutamente nada pelos números da operação. Vai depender única e exclusivamente do mercado”.  Ele pediu, inclusive, que a imprensa não especule sobre valores arrecadados com a venda. A Bolsa de Valores de São Paulo abriu o dia com queda de 11% no preço das ações do Banrisul.

Para o Sindbancários, todavia, a decisão mostra que a administração estadual pretende se desfazer do máximo possível de ações sem que seja necessária a realização de um plebiscito, como manda a legislação. O secretário-geral da entidade, Luciano Fetzner Barcellos, alerta para o fato de que o governo continua se movimentando para realizar a consulta que permitiria a venda integral do banco. “Há também uma série de outros movimentos internos”, disse, citando a diminuição da capacidade operacional do Banrisul, em um cenário de “preparação para a privatização”.

O mercado financeiro, afirma Barcellos, já vem especulando pelo menos desde o ano passado sobre a venda do banco, com reuniões e lobby de instituições financeiras privadas no Piratini e na Assembleia Legislativa pelo fim do caráter público do Banrisul. “Eles não querem ações. Querem o corpo inteiro”, ilustra.

 

Fonte: Sul21


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