Com venda, Estado arrecadaria apenas o suficiente para o pagamento de uma folha do funcionalismo e perderia grande parte dos dividendos do banco para sempre

A divulgação do balanço trimestral do Banrisul, nesta segunda-feira, dia 13 de novembro, irá dar a largada para a venda de ações do banco. A notícia foi destaque no jornal Zero Hora na edição de hoje (https://goo.gl/tAkBQu). Quem ler a notícia da página 6 com atenção verá que até mesmo este jornal diz que, conforme o fechamento dos valores das ações do Banrisul, na sexta-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo, o governador Sartori ficará conhecido como aquele que entregou o Banrisul a preço de banana.

Diz o jornal Zero Hora, que as ações do banco devem render, até 6 de dezembro, quando o governo do Estado pretende (ou sonha) em realizar a venda, R$ 1,8 bilhão, pouco mais de uma folha de pagamento dos servidores públicos do Estado, que é de cerca de R$ 1,4 bilhão. Sartori quer arrecadar R$ 3 bilhões e deposita todas as suas fichas numa eventual reeleição em 2018, no sucesso do negócio da venda de ações do Banrisul. Um governo que ficou isolado no discurso de crise e não apresentou soluções e projetos de desenvolvimento para o Estado tenta sua última cartada para sair da pasmaceira.

Road Show

A reportagem do jornal Zero Hora afirma que a própria diretoria do banco irá realizar um Road Show por fundos de pensão e grandes bancos nacionais e internacionais para oferecer as ações do Banrisul. Duas questões dificultam a venda. Os grandes investidores do mercado estão preocupados com a crise política no país e esperam que o enfraquecido e corrupto governo Temer dê uma resposta e aprove a Reforma da Previdência. Depois da vigência da Refirma Trabalhista como Lei 13.467, no sábado 11/11, Temer e seu governo já admitem recuar na Reforma da Previdência, o que deve reduzir ainda mais os valores dos papéis do Banrisul, que na sexta-feira fecharam em R$ 14,37. Trata-se de uma queda no valor da ação de 7,6% em relação aos R$ 15,56 de 27 de outubro.

Assembleia fortalece unidade

Banrisulenses se uniram na mobilização contra a venda de ações do Banrisul, proposta pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), com apoio de boa parte do Legislativo. Com a venda de mais um lote de ações – o primeiro foi vendido no governo de Yeda Crusius, em 2007 – o governo do estado ficaria com apenas 26% do banco estatal, o que geraria perdas incalculáveis para a receita pública e o fim do caráter social do banco. A assembleia teve a participação do coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Nunes (PT). O coordenador da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa do Badesul e BRDE, deputado Adão Villaverde (PT), também participou da assembleia.

Na assembleia da manhã do sábado, 11/11, que reuniu banrisulenses de Porto Alegre e de vários pontos do estado, os bancários discutiram estratégias de mobilização para sensibilizar a sociedade diante da iminente privatização do Banrisul. Uma delas é a coleta de 70 mil assinaturas em apoio ao PLIP, para anular a proposta de venda das ações. A presença de parlamentares reforçou a possibilidade de se desenvolver ações concatenadas com o Legislativo estadual, através da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul. O PLIP acrescenta dois parágrafos ao Artigo 22 da Constituição Estadual para garantir que o Estado seja proprietário de 51% de todas as ações, assim como há um artigo que garante a CEEE pública nos mesmos moldes em que o PLIP propõe.

Venda de ações é um péssimo negócio

A última venda de ações do Banrisul ocorreu durante o governo Yeda, em julho de 2007. Segundo o Tribunal de Contas, a medida rendeu R$ 800 milhões ao banco e R$ 1,29 bilhão ao Estado, em valores da época, e cerca de R$ 1,44 bilhão e R$ 2,16 bilhões em valores atuais. Antes disso, o Estado do Rio Grande Sul tinha 99,4% do capital total do Banrisul. Após, passou a ter 56,97% e perdeu 43% dos dividendos distribuídos pelo Banrisul a seus acionistas.

Em dez anos, o Estado recebeu do Banrisul R$ 1,9 bilhão em lucros e dividendos (57% do capital). No entanto, se mantivesse 100% do capital teria recebido R$ 2,8 bilhões. A sociedade gaúcha, portanto, já perdeu R$ 843,5 milhões com a venda de 2007.

A partir destes dados, pode-se inferir que, na última década, caso o governo gaúcho tivesse 26% do capital do Banco, teria recebido apenas R$ 702,9 milhões em dividendos dos R$ 2,8 bilhões que o banco rendeu.

Informações: Sindbancários e Dieese


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