O banco Santander adotou medidas unilaterais e até inconstitucionais sem consultar as entidades sindicais, dando o pontapé inicial na implementação da Reforma Trabalhista pelo sistema financeiro. Ao acessar o sistema interno do banco, os funcionários eram direcionados para uma página onde teriam que dar a concordância em um “Acordo” Individual de Banco de Horas Semestral.
“Esse acordo é inconstitucional. Pela Constituição, banco de horas somente podem ser negociados em acordoa ou contratos coletivos”, afirmou Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e funcionário do Santander.
Ao saber do ocorrido, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander solicitou uma reunião com o banco para tratar do assunto. A reunião ocorreu na tarde de quarta-feira (13). Além da COE, estavam presentes representantes de todas as federações de bancários do país. O banco apenas confirmou as medidas e disse que não haveria negociações sobre elas.
O banco também informou a alteração do dia de pagamento dos salários, do dia 20 para o dia 30, os meses de pagamento do 13º salário, antes fevereiro e novembro e agora, maio e dezembro, entre outras medidas.
“Não contente em pressionar violentamente os trabalhadores buscando aumento dos lucros dos acionistas e dos bônus já milionários pagos aos executivos, o Santander agora também quer fazer resultado em cima da folha de pagamento, retardando a data para o crédito dos salários”, denunciou Maria Rosani, coordenadora da COE do Santander.
Rita Berlofa, presidenta da UNI Finanças Mundial, que também é funcionária da Santander, ficou indignada com a atitude do banco. “Pessoas vieram de longe para negociar. Não estávamos ali para ouvir o que o banco havia decido fazer. Queríamos negociar”, disse. “Essa foi uma atitude antissindical do Santander”, completou.
Em protesto, os trabalhadores encerraram a reunião. “Aquilo não era uma mesa de negociações. Era um balcão de informações do banco para os trabalhadores”, observou Rita.
Ação conjunta
Para Rita Berlofa, essa não é uma prática isolada do Santander. “Trata-se do início da implantação da reforma trabalhista pelo setor financeiro. Se não nos manifestarmos contra essas medidas, os demais bancos vão acreditar que concordamos com as mudanças e vão implementá-las também”, disse.
“Não temos dúvidas de que o banco vai tentar colocar em prática tudo o que a reforma trabalhista lhe permite e tentar ir além. Nós temos que nos organizar para impedir”, destacou a presidenta da Uni Finanças Mundial.
Fonte: Contraf-CUT