O eixo 1 do 5º Congresso Nacional de Comunicação da Contraf-CUT discutiu, na tarde deste sábado (7), os desafios da classe trabalhadora. O debate contou com a presença do professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas, Marcio Pochmann, que falou sobre as mudanças após a implantação da reforma trabalhista e a terceirização de serviços.

Pochmann utilizou-se do método de análise estruturalista para sua apresentação. “O que estamos vivendo hoje não permite ficarmos prisioneiros de análises especificas, é preciso conhecer de forma geral a conjuntura, que se dá de forma fragmentada e dificulta compreender o todo. A nossa avaliação parte do pressuposto da estrutura, que tem como determinante o sistema produtivo, que define a estrutura de classes, que por sua vez influenciam nas entidades de representação e seus sindicatos”, disse.

O professor ressaltou a dificuldade da esquerda para discursar com o Estado. “O problema não é a hierarquia e sim o Estado que não distribui os investimentos de forma adequada. O trabalhador paga imposto e não vê devolvido o que acha necessário”, disse.

Pochmann afirmou que o Brasil está vivendo uma fase de desindustrialização precoce. “Tivemos uma mudança na base, na sua economia, com reflexos e consequências na estrutura de classe. O trabalhador continua classe média, mas continua classe média proprietária e não assalariada. A classe média assalariada da década de 80 ia para rua defender a saúde e a educação pública. Agora, com a terceirização e a reforma trabalhista vamos ter a destruição do serviço público”, explicou.

O país está diante do mais grave número de desemprego da história, segundo Pochmann,,. “São 26% de desempregados. Quando o IBGE divulga seus dados, não considera quem faz bico como desempregado. O número divulgado é assustador, pois, quem faz bico não consegue sustentar uma família”, disse.

A mudança drástica na infraestrutura da economia do país provoca uma profunda transformação. “Tudo isso impacta as regras, as instituições e a igreja. É preciso reconhecer e tentar entender para saber como vamos intervir nessa realidade. Não podemos decidir pelo individualismo. Algo que nos permitirá dar um salto ao que entendemos por esse novo mundo de trabalho. Em 1980, tínhamos cerca de 1 milhão de trabalhadores diretamente pelos bancos e 200 mil indiretamente. Hoje, o que acontece é inverso, nós temos menos de 400 mil trabalhadores diretos e mais de 1 milhão de prestadores de serviço aos bancos. O que o governo Temer está fazendo é seríssimo, mas nos dá a oportunidade de fazermos diferente”, disse.

“Nós temos uma classe trabalhadora que está se transformando e essa possibilidade de luta está em nossas mãos. Temos que ser capazes de mudar esse espaço, nossas práticas e nosso discurso. É preciso ter uma ação renovada. Essa é chave para o sindicato e também para os partidos políticos. O que tem a ver também com a questão da estrutura da sociedade. Uma sociedade como a nossa, que a partir da década que vem, lidará com a drástica redução de fecundidade e também com o aumento da mortalidade”, finalizou.

A mesa foi conduzida pelo vice-presidente eleito da Contraf-CUT, Vinicius de Assumpção Silva, pela presidenta da Fetrafi-MG, Magaly Fagundes, secretario de Relações de Trabalho eleito da Contraf-CUT, Jeferson Meira, e pela secretaria de Políticas Sociais reeleita da Contraf-CUT, Rosalina Amorim. A reflexão também contou com a participação das quatro correntes políticas que compõem a direção da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT


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