Por baixo dos panos? De novo sem aviso prévio? Sim. Passaram nos cobres ações com direito a voto do Banrisul sem comunicar ao mercado ou aos gaúchos que estavam entregando mais uma parte do patrimônio público. Pois foi exatamente isso que aconteceu no apagar das luzes da tarde da sexta-feira, 27/4, na Bolsa de Valores, em São Paulo. O governo Sartori vendeu de novo ações do Banrisul, e desta vez, ações ordinárias (ONs), com direito a voto, por um valor que pode ter deixado aos cofres públicos um prejuízo de cerca de R$ 50 milhões. As ações podem ter sido vendidas por um valor muito abaixo do valor médio de mercado. |
Tamanha ocultação de transação, tamanha sinuosidade na forma de não deixar que ninguém soubesse da intenção só podem levar ao seguinte raciocínio: um governo que não fez nada durante os quase quatro anos que governa definitivamente usa o Banrisul para pegar um dinheiro e tentar mostrar alguma obra para se reeleger em outubro. Aliás, esta tese, este estranhamento está impresso na opinião de analista de mercado.
Quero-quero
A sócia e diretora da Zenith Asset Management, Débora de Souza Morsch, escreve, perplexa, na página 13 da edição da segunda-feira, 30/4, de Zero Hora, uma coluna com duras críticas ao governador do Estado. Ela praticamente levanta questões que o Sindicato tem feito a respeito da estratégia de quero-quero de Sartori para torrar o patrimônio público. O governador literalmente canta a crise longe do ninho para dilapidar o patrimônio público no lugar em que ninguém está olhando.
Escreve Débora, no artigo sob o título "Liquidando patrimônio público para (re)eleição”: "Na última sexta-feira, de forma sorrateira, sem qualquer aviso ao mercado ou à população gaúcha, o governo vendeu cerca de R$ 3 milhões de ações ordinárias do Banrisul. A venda ocorreu a R$ 17,65 por ação, 31% abaixo do valor da ação do pregão anterior. Isso mesmo, 31% abaixo. Mais uma vez o mercado agradece. Enquanto liquida o patrimônio do Estado, o governador trata sua candidatura à reeleição com uma desfaçatez sem precedentes”.
Quem ganha?
De fato, a desfaçatez do governador não tem precedentes. O homem cujo partido era o Rio Grande entrega a joia da coroa do Rio Grande de mão beijada e a um preço de ação com direito a voto muito inferior ao valor de ação (R$ 18,65) vendido no último dia 10/4. Se, a primeira venda com arrecadação de R$ 484,9 milhões não deu nem para pagar um terço da folha de pagamento nem para acabar com o parcelamento de salários dos servidores públicos, o que dirá agora?
O próprio governo corneteia o mau negócio ao informar que foi vendido um lote com 2.974.500 ações ordinárias (ON), que, a R$ 17,65, levantaram cerca de R$ 52,5 milhões. E o pior: 70% das ações foram vendidas para um comprador. Quem terá lucrado ou lucrará logo ali na frente? É preciso investigar. Siga o dinheiro!
Desde o começo da gestão Sartori e, o Sindicato alerta para a incompetência do governo Sartori de resolver crise. "O único programa de governo deles é destruir o patrimônio dos gaúchos. A cada dia que passa, mais claro fica que o governo dilapida o Banrisul aos poucos para ocultar que está entregando de bandeja aos especuladores do mercado. Está escancarada a intenção do Piratini de buscar, de forma sorrateira, algum dinheiro com o qual possa apagar os vestígios do caos que se tornaram as contas públicas. Afinal, Sartori pretende a reeleição”, diz o secretário-geral do SindBancários e funcionário do Banrisul, Luciano Fetzner.
"O governador passou todo o tempo fazendo o discurso da crise e não teve capacidade de resolver problemas. Até as pedras da Palácio Piratini sabem que o governo Sartori é um dos mais incompetentes da história deste Estado”, acrescenta Luciano.
"Estratégia tacanha”
O que o secretário-geral afirma é comprovado pelos números da mais recente transação. O que ele chama de incompetência, a analista de mercado que escreveu em Zero Hora tem um adjetivo ainda mais definitivo para a estratégia sartoriana: "tacanha”. "Essa estratégia tacanha e com visão de curto prazo de vender mal o maior e melhor ativo do Rio Grande do Sul tem a clara finalidade de propiciar uma artificial melhora no curto prazo nas finanças, na véspera da eleição, e assim, tentar transparecer que isso ocorreu por mérito do governo do Estado”, acrescentou Débora Morsch, que cobra investigação do Ministério Público de Contas e do Tribunal de Contas do Estado.
Conluio nefasto
Se, do seu lado, o governo do Estado desfila incompetência e tenta acobertá-la vendendo a galinha dos ovos de ouro, no caso o Banrisul, de outro a diretoria do Banrisul torna o que é mau negócio em negócio nefasto. Em fato relevante publicado na sexta-feira, 27/4, a direção do banco comunica em fato relevante a distribuição de R$ 20.203.882,03 a acionistas do banco. Tal decisão teria sido tomada durante a assembleia ordinária realizada na mesma sexta-feira. Mas, atenção, corra acionista se quiser pegar uma beira, porque o fato relevante informa que essa proposta vale até a próxima quinta-feira, 3 de maio. Se tem dividendo complementar, a diretoria do Banrisul poderei explicar por que não tem PLR complementar para todos. De onde saiu esse dinheiro?
Fonte: Sindibancários
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