Se olharmos o perfil técnico do novo presidente do Banrisul, anunciado na manhã desta quinta-feira, 14/2, nos Jardins do Palácio Piratini, pelo governador Eduardo Leite, chegaremos à conclusão que Claudio Coutinho está mais para um profissional do mercado financeiro privado do que para um agente com larga experiência no serviço público. Claudio Coutinho tem em seu currículo a experiência de atuar apenas um pouco mais de um ano no BNDES.

Se fizermos uma conta simples e juntarmos o perfil profissional do novo presidente do Banrisul com a afirmação do governador de que "pretende” vender ações do Banrisul, aí teremos mais uma projeção: Leite quer de fato vender ações do Banrisul.

No Linkedin, Claudio Coutinho se apresenta como sócio da Tiba Assessoria Empresarial Ltda. O que o site oficial da empresa (www.tiba.net.br) o confirma. O mesmo site na Internet, trata de dar contornos ainda mais privatistas ao destino do Banrisul. A Tiba na seção "Sobre” do site oficial se diz uma empresa focada no investimento e/ou aquisição de empresas e ativos no âmbito de operação de privatização, fusão, aquisição, formação de parcerias público-privadas (…)” (veja imagem abaixo).

 A julgar pelo discurso de apresentação de Claudio Coutinho, o Banrisul irá se manter público. Ele falou rapidamente que Banrisul tem que continuar com seu papel "mais apropriado para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, que é "missão dada pelo governador”, com o "aprofundamento do trabalho em varejo”, "com o trabalho na área de cartões”. Também mencionou "pensar sempre em "riscos prudenciais”, na "rentabilidade do banco” e no "risco-retorno” para manter a sustentabilidade "no longo prazo”. E cravou: "Manter o Banrisul no controle do governo do estado”.

Para o presidente em exercício do SindBancários e funcionário do Banrisul, Luciano Fetzner, a combinação do perfil do novo presidente, o papel da empresa de que ele é sócio e as afirmações do governador levam a acreditar que o Banrisul está no caminho da privatização. "Mesmo que o governador diga que quer vender ações no limite do controle acionário do estado, entendemos que qualquer nova abertura de venda de ações é prejudicial para o banco e para o Estado”, avaliou Luciano.

 Experiência pública de um ano

Se o perfil de Claudio Coutinho, carioca, com formação acadêmica em engenharia civil e economia, exaltado pelo governador como vindo do mercado mas com experiência em instituição pública – ele foi diretor de crédito, financeiro e internacional no BNDES por um ano e dois meses (entre junho de 2016 e julho de 2017) durante o governo Temer – pode fazer diferença, podemos dizer que a venda de ações é questão de tempo? Some-se a isso um perfil muito assemelhado ao do atual ministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, um privatista ideológico que quer impor a entrega de todo o patrimônio público para ficar três anos sem pagar dívida com a União. Lembremos: três anos sem pagar dívida, mas com juro correndo. A dívida salta de R$ 60 bilhões para mais de R$ 80 bilhões.

Temos sim uma ameaça mais forte ao Banrisul a partir do momento em que Claudio Coutinho assumir a presidência do banco. Lembremos que a empresa de que Coutinho é sócio, a Tiba, se apresenta como especializada em venda de patrimônio público. Além disso, Guedes condiciona a venda do Banrisul para o mercado financeiro ao ingresso no regime de recuperação fiscal.

Relação com trabalhadores

Resta saber como o novo presidente, um homem do mercado, especialista em privatizações, vai se relacionar com os trabalhadores e com as suas entidades representativas. A preocupação dos dirigentes do maior sindicato de bancários do Estado, o SindBancários, não teve nenhuma menção ou referência. Questões como concursos públicos, estrutura fortalecida e a imagem do Banrisul, entre outras, deixaram lacunas.

O SindBancários e a Fetrafi-RS, após o segundo turno das eleições do ano passado, chegaram a enviar ofício ao então governador eleito, Eduardo Leite, solicitando uma audiência. Ainda não houve encontro.

Quatro motivos para pensar em defender o Banrisul

1) O Projeto de Emenda Constitucional 272/19 (PEC 272/19) que o governador apresentou na semana anterior na Assembleia Legislativa para desativar na Constituição Estadual a necessidade de plebiscito para entrega, federalização ou venda empresas públicas, como CEEE, Sulgás e CRM.

2) As declarações da secretária do Planejamento do governo estadual, Leany Lemos, de que não vender o Banrisul irá prolongar o sofrimento do RS no que diz respeito à crise fiscal, mas que se trata de um "desejo pessoal” do governador manter público o banco dos gaúchos.

3) A eficiência e competência dos Banriuslenses que mantém o banco lucrativo e sustentável com seu caráter público há 90 anos. O novo recorde de lucro em 2018, de R$ 1,09 bilhão, comprovam a saúde financeira e a solidez do Banrisul.

4) Pesquisa aponta que a maioria do povo gaúcho não quer a venda de patrimônio público. Os Banrisulenses estão engajados em mostrar ao povo gaúcho que o Banrisul é importante para o desenvolvimento econômico e social.

Discurso breve, promessa de controle do Estado

A julgar pelo discurso de apresentação de Claudio Coutinho, o Banrisul irá se manter público. Ele falou rapidamente que Banrisul tem que continuar com seu papel "mais apropriado para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, que é "missão dada pelo governador”, com o "aprofundamento do trabalho em varejo”, "com o trabalho na área de cartões”. Também mencionou "riscos prudenciais”, "rentabilidade do banco” e "risco-retorno” para manter a sustentabilidade "no longo prazo”. E cravou: "Manter o Banrisul no controle do governo do estado”.

 

Fonte: Imprensa SindBancários

 


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