As gerações que aderiram à militância política pela crítica radical do capitalismo e a luta pelo socialismo vivem em um mundo hoje onde o socialismo não está na agenda contemporânea como alternativa imediata de poder e em uma situação de defensiva estratégica que só encontra similaridade na ofensiva da direita radical na Europa nos anos 1930. A correlação de forças é muito desfavorável, pode-se contar com governos de alguns países da América Latina, com partidos daqui e alguns poucos de outras regiões do mundo. Tudo parece menos heróico, mas nada é menos trabalhoso e não exige menos da militância política, colocando uma exigência inadiável: compreender as transformações regressivas que o mundo viveu nas últimas décadas, "procurando encontrar os espaços e as forças que permitam elaborar projetos de transformação radical de um mundo capitalista esgotado”.

É assim que Emir Sader, sociólogo e militante de esquerda desde sempre, conclui o texto de introdução ao seu mais recente livro, "Lula e a esquerda do século XXI. Neoliberalismo e Pós-neoliberalismo no Brasil e na América Latina” (Laboratório de Políticas Públicas/UERJ), que foi lançado em Porto Alegre na última sexta-feira (26), na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS). Não é um livro sobre Lula, mas sim sobre a luta anti-neoliberal na América Latina e no mundo, explica o autor.

Na tarde de sexta-feira, Emir Sader conversou com o Sul21 sobre o objeto de seu novo livro e sobre o presente político brasileiro. A conversa coincidiu com a divulgação das primeiras imagens da primeira entrevista que Lula concedeu (à Folha de S.Paulo e ao El País), após um ano de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Entre as tarefas que o sociólogo coloca para a esquerda no atual contexto de regressão política, social e cultural, uma das principais está no plano do entendimento. Há várias coisas que devem ser melhores compreendidas, a começar com o que aconteceu no Brasil que permitiu a eleição de Bolsonaro:

"Eu acho que se escreveu muito pouco sobre o que aconteceu, pelo tamanho da crise, da virada conservadora e da derrota que sofremos. É preciso refletir mais sobre isso e pegar melhor o fio da meada, analisar a correlação de forças, elementos de força e de fraqueza de um campo e de outro. Isso está pendente”.

Veja a entrevista completa no Sul21.

Texto: Marco Weissheimer/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Fonte: Fetrafi-RS

 


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