Em “live” ao jornal Valor Econômico, de São Paulo, Claudio Coutinho também falou sobre queda no crédito espontâneo e reforço nos canais digitais

Setenta e seis por cento das operações do Banrisul já são feitas através de canais digitais. A informação, que entre outras coisas aponta para o tamanho com o qual o grande banco estatal do RS pretende seguir trabalhando, fez parte da entrevista (“live” pela internet) – concedida na manhã deste dia 31/03, pelo presidente da instituição financeira, Claudio Coutinho, ao jornal Valor Econômico, de São Paulo. “No ano passado tivemos um PDV no banco que reduziu em 900 pessoas nosso quadro de colaboradores”, lembrou Coutinho. “Pelo menos para os próximos dois anos, não vejo necessidade de fazer outro plano”, concluiu.

Ele afirmou também que a demanda espontânea por crédito está fraca no atual momento, em função provavelmente da segunda onda da pandemia de corona-vírus.

Coutinho disse que o banco agora está centrado em ações de benchmarking – visando “maior eficiência”. Mas respondeu ao jornalista Álvaro Campos, editor-assistente da publicação, que continuará o processo de “racionalização” (fechamento) de agências do banco, que deverá ser concluído até o final de abril.

Coutinho destacou que todas as iniciativas baseiam-se no princípio da digitalização: “Hoje temos mil pessoas trabalhando na TI do banco”, garantiu. O presidente diz querer um Banrisul o mais eficiente possível, ao mesmo tempo que apoia fortemente o crescimento econômico do estado.

Privatização

Perguntado sobre os rumores que colocam o Banrisul ao lado de outras estatais gaúchas que poderiam ser privatizadas, o banqueiro negou. Lembrou que a Constituição do RGS exige plebiscito sobre este tema, “o que torna tudo mais difícil”. Para o futuro, vê um banco cada vez mais eficiente, com redução de custos e serviços mais baratos.

O planeta e o meio ambiente? Coutinho informou que em 2020 o banco criou uma Gerência de Sustentabilidade. “Temos metas a alcançar. Uma delas é zerar emissão de gases com efeito estufa. Queremos trabalhar só com energias biorenováveis e sustentáveis”, garantiu ao entrevistador. A respeito do mercado externo, ele reconheceu que no passado banco já fez emissão de bônus em outros países. “Hoje isso não compõe mais o nosso capital”, assegurou

A respeito do pagamento salarial do funcionalismo público gaúcho, o presidente do Banrisul adiantou que já pediu ao governo estadual, com anúncio de Fato Relevante, a extensão por dez anos da licença para efetuar o repasse salarial dos servidores estaduais. O banco, ele revelou também, financia prefeituras que necessitam parcelar o pagamento do 13º salário.

Crédito: demanda em baixa

“De modo geral, a demanda de créditos ao banco está mais fraca, com esta segunda onda da pandemia e os lockdowns”, garantiu Coutinho. “Seguimos apostando – e vamos nos dedicar ainda mais – ao agronegócio, que responde por 40% do PIB gaúcho”, explicou. Outro polo a ser ainda mais financiado pelo banco é o da geração de energia – especialmente a foto voltaica e outras com menor emissão de carbono, segundo ele.

Quanto a pandemia de corona-vírus, que fez cerrar as portas de inúmeros locais de trabalno e recomenda o isolamento de todos, o presidente do Banrisul reconheceu que hoje, na Administração Central, há um mínimo de funcionários – a maioria dos bancários segue em home office.

“O fato é que o nosso nível de inadimplência caiu bastante. Mas a segunda onda do vírus está mais preocupante: a economia deverá ser muito mais desaquecida. Os setores que demandam presencial são os mais afetados.

Competitividade

Questionado sobre a concorrência com outros bancos, o presidente do Banrisul mostrou ousadia. “Não queremos comparar os nossos ser viços apenas com os outros bancos – mas com outros ramos de negócio também . Atuamos num mercado muito competitivo”.

Perguntado sobre a carteira de crédito, Claudio Coutinho admitiu: “A demanda está relativamente fraca. No ano passado, em 35 operações, financiamos R$ 1,5 bilhão, visando atingir o máximo possível de empresas gaúchas. Para este ano, acredito que é preciso criar outras linhas de crédito”, finalizou.

Fonte: Imprensa SindBancários, com informações de “live” do jornal Valor Econômico.


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