Mesmo com crescimento de 33% no lucro, banco demitiu funcionários e fechou agências, prejudicando o atendimento aos clientes, que pagaram R$ 179 milhões em tarifas de serviço ao banco

 

O lucro líquido do Banco Mercantil do Brasil chegou a R$ 190 milhões no 3º trimestre de 2021, alta de 33% em relação ao mesmo período de 2020, quando o banco obteve o lucro líquido de R$ 143 milhões. O resultado se deve especialmente ao crescimento da margem financeira, à redução nas despesas com captação no mercado e das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD). A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido do banco ficou em 18,2%, com crescimento de 2,8 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.

Com as tarifas bancárias cobradas de seus clientes pela prestação de serviços, o Mercantil arrecadou R$ 179 milhões.

“É espantoso ver um banco que teve tamanho crescimento em seu lucro e que arrecadou R$ 179 milhões com tarifas de serviços cobradas de seus clientes fechar agências e demitir funcionários, o que prejudica o atendimento a estes mesmos clientes que, juntamente com os funcionários, garantem o lucro do banco”, observou o coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do banco, Marco Aurélio Alves.

Banco de treinamento

Mesmo com as demissões, que obrigam o banco a ter gastos elevados com despesas de pessoal devido ao acerto das contas, o total de despesas com os empregados caiu 22,3% no terceiro trimestre. O saldo de (des)emprego (soma das demissões menos as contratações) ficou negativo, gerando uma redução de oito postos de trabalho no banco no período.

“O banco economiza com o pagamento dos funcionários pois demite empregados mais experientes e contrata novos funcionários. Apesar de o banco dizer que tem uma política de valorização da carreira, isso mostra que não existe a retenção de talentos. Os funcionários ficam apreensivos quando chegam perto dos 30 anos de idade, já contando com o ‘facão’ que pode lhes botar no olho da rua”, disse Marco Aurélio. “Isso é muito triste. Os funcionários acabam trabalhando sem motivação. Tratam o banco como algo passageiro para um emprego onde possam ter suas capacidades reconhecidas. Assim, o Mercantil acaba treinando funcionários para a concorrência”, completou.

De acordo com o relatório de balanço, o Mercantil encerrou o 3º semestre de 2021 com 2.996 funcionários, oito a menos do que tinha ao final do segundo trimestre. Em relação às unidades de atendimento, foram fechadas 22 agências e abertos 50 postos de atendimento no período.

A política de transformação de agências em postos de atendimento gerou críticas ao banco da parte dos funcionários e de sua representação sindical por levar à demissão, sobrecarga de trabalho e precarização do atendimento aos clientes.

Ativos e carteira de crédito

Os ativos do banco cresceram 18,5% em relação a setembro de 2020, chegando a aproximadamente R$ 12 bilhões. O patrimônio líquido (capital próprio do banco), por sua vez, totalizou R$ 1,1 bilhão, com alta de 13,6%. Parte do crescimento do ativo se deve a elevação da carteira de crédito do banco, que atingiu R$ 8,1 bilhões, com alta de 46,7% em doze meses. A maior parte da carteira do banco é composta por créditos consignados (quase 65% do total) e, estes, tiveram alta de 98% em doze meses.

As taxas de inadimplência ficaram em 2,9%, com significativa melhora em relação ao mesmo período de 2020 (queda de 2,9 p.p). As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa do banco (as chamadas “PDD”) foram reduzidas em 11,7% no período, totalizando R$ 218 milhões.

Veja abaixo a tabela resumo do balanço ou, se preferir, leia a íntegra da análise do relatório de balanço do banco, ambas elaboradas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

 

Fonte: Contraf-CUT


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