Os dirigentes sindicais pediram que ainda esta semana o banco divulgue cada passo detalhadamente, para que todos os empregados entendam como as coisas vão funcionar. O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, reforçou no encontro que a categoria espera por isonomia no acesso ao teletrabalho. “Insistimos que é preciso ter regras para todas as unidades, para que todas as funções, que sejam compatíveis com o teletrabalho, tenham essa possibilidade”.

O negociador do banco, Marco Aurélio, reiterou que a condição do teletrabalho já estará em execução na segunda-feira, mas que será feita de forma gradual, até porque o trabalho no Banrisul é predominantemente presencial. “Estamos tratando de um processo novo e não sabemos ainda o impacto disso, nem para a empresa e nem para os trabalhadores”, observou.

Por isso mesmo apontou a diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil, o processo precisa ser conduzido em diálogo com o movimento sindical. Para Raquel, os sindicatos devem ser intermediários nesta negociação, entre banco e funcionários. “Nos interessa fazer a ponte, e por isso insistimos na apresentação do cronograma, com prazos e unidades que poderão ser habilitadas para o teletrabalho”.

O Superintendente de RH do Banrisul, Gaspar Saikoski, explicou com mais detalhes como as coisas estão sendo feitas. “Uma parcela significativa dos empregados da direção geral já estará habilitada para o teletrabalho nesta segunda, priorizando-se funções estratégicas e questões referentes à disponibilidade de espaço físico”, disse. Segundo Gaspar, “ao longo da semana, quando começar de fato a implementação do modelo de teletrabalho, cada área será avaliada para verificar a possibilidade de aplicação ou não do modelo. Respeitamos a angústia das pessoas, mas antes precisamos ter todos os levantamentos e informações para repassar”, afirmou.

Os representantes do banco ainda destacaram reiteradamente que, na visão da diretoria do Banrisul, o acordo firmado no ano passado foi excelente e neste momento, colocando ele em prática, é que se reunirão as condições de enxergar os processos.

Normativos e regras claras

Mais uma vez a representação sindical cobrou celeridade do banco nos processos de normatização e aquisição de equipamentos para o trabalho remoto poder acontecer com a devida tranquilidade e adequação ao acordo vigente. A insistência sobre normativos se deve à necessidade de os trabalhadores e trabalhadoras poderem se enxergar no organograma da empresa, para que possam organizar suas carreiras com clareza.

Os representantes do Banrisul afirmaram na conversa que o banco está preparando uma cartilha com orientações iniciais para os próximos dias, que posteriormente se transformarão em normativas.

Teremos muito ainda a conversar sobre trabalho remoto

A diferença entre o home-office realizado ao longo da pandemia, com toda urgência e protocolos sanitários, e o teletrabalho que passará a ser realizado conforme o acordo assinado, também foi um ponto de debate da reunião. De acordo com o superintendente de RH, Gaspar Saikoski, o teletrabalho e o home-office têm princípios e especificidades diferentes, mas o banco está mapeando as áreas e unidades para encontrar as melhores soluções. “Estamos verificando a viabilidade de alcançar diferentes áreas e alternativas para o teletrabalho, mas precisamos começar e acompanhar o andamento”, disse Gaspar.

Isonomia é problema no horizonte

Na avaliação dos dirigentes sindicais, no entanto, a tendência para curto e médio prazo é o teletrabalho pós-pandemia ser algo voltado majoritariamente para “áreas meio” dos bancos, sendo pouco provável que o trabalho remoto venha a ser adotado nas funções de rede de agências tão cedo. O que se tem observado em todas as instituições financeiras é uma grande disparidade entre setores administrativos.

Segundo o diretor Fábio Soares Alves, da Fetrafi-RS, “o clima entre os colegas vai continuar tenso quando perceberem que algumas unidades estarão mais habilitadas a trabalhar de casa do que outras. Queremos isonomia e regras claras para que os colegas possam se organizar para trabalharem da forma mais adequada, sem causar prejuízos para a empresa”, apontou.

Teletrabalho integral

Há um consenso firme entre os representantes dos trabalhadores e do banco sobre a integralidade do trabalho remoto ser algo a ser tratado como “exceção da exceção”. Esse é o ponto mais delicado de todo o debate sobre teletrabalho. Ao mesmo tempo em que as instituições veem dificuldade em organizar isso de forma que não cause problemas para controles e organização das rotinas de trabalho, o movimento sindical entende que é muito arriscado para a saúde física e mental dos bancários e bancárias ficarem por períodos muito longos distantes do local físico de trabalho. Por isso mesmo, os acordos construídos até então tratam da quantidade mínima de trabalho presencial de 4 dias ou mais.

“Estamos sensíveis à demanda de alguns colegas que, por conta de situações muito específicas, têm reivindicado algum mecanismo para que esses 4 dias possam ser flexibilizados. Estamos sugerindo para as instituições financeiras que analisemos em conjunto, banco e sindicato, caso a caso essas demandas individuais, para serem autorizadas conjuntamente por consenso. Há impasses sobre isso, quanto a prazos, mecanismos para o retorno e a própria questão da consensualidade”, destacou o presidente do Sindbancários, Luciano Fetzner.

O atual acordo, explica Fetzner, ainda tem pouco mais de 7 meses de vigência até necessitar ser renovado. “A excepcionalidade do integral é um ponto que pode acabar represado até lá, já que uma alteração nas regras atuais ainda careceria de um aditivo e aprovação coletiva do mesmo”.

Outros bancos

Estamos longe de um debate global sobre teletrabalho acontecer na categoria. Usando os bancos públicos de exemplo, enquanto já temos um acordo bem completo com o BRDE, na CEF sequer se iniciou um processo negocial. No BB e Banrisul pode-se dizer que estão no meio do caminho, já com acordos assinados, mas ainda longe de terem processos consolidados. O mesmo vale para os bancos privados, pois enquanto no Santander ainda não há acordo sobre o tema, outras instituições já estão adiantadas no processo de implantação. Falta muito debate para acontecer sobre o teletrabalho ainda, até que o tema esteja suficientemente amadurecido nas instituições. Enquanto isso, será constante o processo de negociação e análise de casos, para “as melancias irem se ajeitando”.

Operadores de Negócios

Ao final do encontro, o diretor da Fetrafi-RS, Sérgio Hoff, lembrou aos representantes do banco que os banrisulenses aguardam uma solução para a questão premente dos Operadores de Negócios (ONs). “Estamos desde outubro avisando ao banco que nossos colegas ONs se encontram em situação de penúria, esperando por uma resposta”, cobrou o dirigente, que disse inclusive que é uma questão que reflete no balanço do Banrisul. “Isso se deve em grande parte à motivação de um setor que representa cerca de 30% do lucro do banco”, pontuou.

Sérgio também destacou que a pauta da categoria segue sendo por valorização salarial. “A campanha salarial está se aproximando e nela vamos novamente exigir que a gratificação fixa de operador seja valorizada, pois até entendemos a importância de existirem bônus por produtividade, mas esses bônus variáveis não devem ter a relevância que têm hoje na remuneração dos ON”. Mas, enquanto isso, refletiu o dirigente, “ainda há tempo de o banco ajudar essa parte importante do quadro a passar por essa transição de forma tranquila”.

Também participaram da reunião na sexta-feira os diretores da Fetrafi-RS Luiz Carlos dos Santos Barbosa, Ana Maria Betim Furquim, os integrantes do Comando do Banrisul, Ana Maria da Silva, de Lajeado, Cleberson Eichholz, da Sintrafi Florianópolis, e Gerson Kunrath, da Fetrafi-RS e Vale do Caí, o assessor Jurídico do SindBancários, João Rosito, e o assessor jurídico da Fetrafi-RS, Milton Fagundes.

 

Fotos: Fernanda Hartmann

Fonte: Imprensa SindBancários

 


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