Nesta quinta-feira, 3 de novembro, dirigentes da Fetrafi-RS e sindicatos filiados se reuniram com o banco Santander – representado pela diretora de Relações Sindicais, Fabiana Ribeiro, pela Superintendente Regional de Porto Alegre, Luciane Erbetta e a consultora de Recursos Humanos Fernanda Manduca – para discutir terceirização, mudança no novo modelo de trabalho do Gerente Empresas l, segurança bancária, plano de saúde, nomenclatura de crachás e falta de funcionários na rede de agências.

Os representantes dos trabalhadores colocaram a preocupação dos colegas em relação às terceirizações, que estão avançadas dentro da estrutura do Santander. Nos últimos três anos, o Banco criou quatro empresas junto ao seu conglomerado, transferindo trabalhadores bancários para contratos terceirizados.

O Santander alega que a mudança estrutural é uma exigência do mercado. A criação da empresa SX Negócios, por exemplo, assumiu demandas que eram das agências, como atendimento aos clientes para resolução de problemas, propiciando assim mais tempo para a área gerencial focar em negócios.

Localizada em Campo Bom, a SX Negócios conta hoje com mais de 7 mil trabalhadores atuando nas áreas de telemarketing, call-center e de tecnologia. Estes trabalhadores são de fato representados pelos Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel) e Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados (Sindppd). Vários trabalhadores da SX Negócios, porém, procuram os sindicatos dos bancários para pedir auxílio de seus direitos e/ou fazer denúncias sobre gestões e estrutura do negócio.

O Banco está terceirizando até mesmo as atividades fim do seu negócio. Colegas assessores de investimento saíram da representação dos sindicatos de bancários e passaram para o quadro de trabalhadores da corretora de valores do Santander. Segundo o Banco, esta foi uma opção porque “o mercado exige profissionais mais especializados e com foco em investimentos”.

Em outra empresa contratada pelo Santander, a “Prospera”, agentes atuam junto a pequenos empresários. Eles visitam estabelecimentos comerciais ofertando crédito e abrindo contas correntes, o que se caracteriza como serviço bancário.

“Alertamos sobre a postura do Banco na precarização das relações de trabalho, com baixas remunerações e menos benefícios. Mas ele nega que esses exemplos sejam casos de terceirização e afirma que o ambiente de trabalho é ótimo”, aponta o representante da Fetrafi-RS na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander e diretor do SindBancários Porto Alegre e Região, Luiz Carlos Cassemiro. “O movimento sindical cobra e defende que quem faz serviço de bancário, bancário é”.

Gerentes Empresas I

A alteração do modelo de trabalho do cargo de Gerente Empresas l, até o momento, não está implantada para os colegas do Rio Grande do Sul. O Banco está fazendo um projeto piloto em Campinas e mais outras duas cidades de São Paulo com a estratégia expansão para o resto do Brasil.

A ideia básica deste projeto é que o Gerente Empresas l não atue dentro de uma agência específica. Este colega receberá um notebook, um número de celular e ficará prospectando clientes, bem como fazendo a gerência da sua carteira de forma direta, podendo usar a estrutura da agência do Santander mais próxima ou mesmo trabalhar em casa.

Segurança bancária

Outro ponto polêmico da reunião foi a segurança bancária, que, inclusive, é um tema discutido em mesa nacional exclusiva. O movimento sindical cobrou reiteradas vezes que o Santander cumpra as leis municipais e federal em relação às portas de segurança. O Banco salientou que tem investido em estratégia de segurança, convidando os dirigentes a visitarem o centro de controle de segurança do banco em São Paulo.

Nomeclatura

Sobre a recente alteração na nomenclatura dos crachás para “Vendedores”, o Santander entende e defende que todos os trabalhadores dos prédios administrativos e redes de agências são vendedores.
“Nós discordamos desse entendimento, pois fere gravemente nossa categoria. Por mais que o banco alegue que a alteração da nomenclatura seja meramente no crachá, não temos a garantia de que no futuro os colegas não sejam enquadrados como comerciários, culminando com a perda de vantagens e direitos historicamente conquistados pela categoria dos bancários. Se isso for definitivo, o sindicato vai agir para barrar a decisão unilateral do Banco”, explicou Cassemiro.

Sobrecarga

Os representantes dos trabalhadores cobraram, também, a falta de funcionários na rede de agências, o que tem sobrecarregado os colegas, levando-os ao adoecimento e a pedidos de demissão. Analisando o balanço do 3° trimestre de 2022 do Santander, observa-se que o banco contabiliza 51.210 trabalhadores, porém, segundo Cassemiro, esse número não reflete a realidade, pois neste total estão incluídos os trabalhadores terceirizados nas empresas do conglomerado.

“O momento que estamos vivendo é de muitas transições, com mudanças significativas na estrutura do trabalho, avanços nas tecnologias, no governo brasileiro. É momento de muito diálogo para se evitar que decisões tomadas recentemente, em outra conjuntura, não venham a se tornar grandes problemas ali na frente. Essa reunião teve esse espírito de ambas as partes e ficamos felizes por isso. Mas ainda temos muito trabalho pela frente”, concluiu Cassemiro.

Além do representante na COE, participaram da reunião o diretor jurídico da Fetrafi-RS, Luiz Carlos Barbosa; o presidente do SindBancários POA e Região, Luciano Fetzner; a diretora de aposentados e seguridade social do mesmo sindicato, Natalina Rosane Gué; o presidente do Sindicato dos Bancários de Novo Hamburgo, Everson Gross; a diretora do Sindicato do Litoral Norte Deise Menezes; o diretor geral do SEEBVP-RS, Francisco Carlos Dutzig; o coordenador da Secretaria de Organização e Política Sindical do Sindicato de Caxias do Sul, Nelso Antonio Bebber; e o diretor do Sindicato de São Leopoldo Carlos Campani (Nico).
Fonte: Fetrafi-RS

 


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