Movimento Sindical vai acompanhar e cobrar promessa de Eduardo Leite durante o período eleitoral

 

“O nosso governo não vai encaminhar a privatização do Banrisul”. Esta frase foi dita por Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno das eleições para o governo do estado, após intensa campanha do movimento sindical contra a privatização do banco, que acabou pautando a sociedade e a própria eleição.

A campanha “Eu Sou Banrisul”, contra a venda da instituição financeira, foi lançada pelo SindBancários e pela Fetrafi-RS no contexto da tramitação da Proposta de Emenda Constitucional nº 280/2019, encaminhada pelo governo à Assembleia Legislativa do RS. Desde então, a campanha ocupa espaços em rádios, jornais, redes sociais e emissoras de televisão com o objetivo denunciar o fim do plebiscito para venda do Banrisul, Corsan e Procergs e também para ganhar apoio social para a importância do banco para o estado do nosso estado.

A ação sindical colocou o debate em evidência. Mesmo com a alteração na Constituição estadual, ou seja, o fim da exigência de consulta popular para venda das estatais, o resultado foi a mudança de postura tanto de Leite, quanto de seu adversário, Onyx Lorenzoni (PL). Ambos são a favor da redução do Estado e da privatização de empresas públicas. Mesmo assim, durante os debates do segundo turno, quando tiveram de explicar seus projetos para o banco, negaram qualquer interesse em vendê-lo.

“As eleições terminaram e nós conseguimos o que queríamos desde o começo, arrancamos dos dois candidatos que concorreram ao pleito o compromisso com o Banrisul público”, avalia o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner.

Para ele, agora é hora da categoria bancária e dos gaúchos e gaúchas permanecerem vigilantes. “Vamos fiscalizar a movimentação do novo governo de Eduardo Leite e não exitaremos em denunciar o descumprimento de sua promessa. Ele já faltou com sua palavra antes, como podemos ver no caso da venda da Corsan. Não deixaremos que repita o gesto. Ele assumiu um compromisso com os mais de 10 mil trabalhadores do banco e com a sociedade”, concluiu.

Entenda

Em janeiro de 2022, em entrevista ao Grupo RBS, o governador disse que seria inevitável a próxima administração discutir a venda do banco, avaliado em R$ 5,08 bilhões, conforme a última cotação na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Para fechar agências e vender 50,1% das ações ordinárias da instituição financeira – única garantia de manutenção do caráter público do banco – Eduardo Leite utilizou como argumento a digitalização do setor financeiro, os bancos digitais e a migração de clientes e usuários para aplicativos.

Mas para Gilnei Nunes, diretor de Comunicação do SindBancários, o argumento é “totalmente fora da realidade”. O Banco do Estado do Rio Grande do Sul possui 94 anos e é a única instituição bancária presente em 117 dos 497 municípios gaúchos, aponta Nunes. “Leite diz que a internet e os aplicativos facilitam o fechamento de agências, mas isso não dialoga com a realidade do nosso estado, uma vez que 14,1% dos domicílios gaúchos registraram insegurança alimentar grave. Quem não tem comida na mesa, não tem dinheiro para pagar um plano de internet”, destaca. Ele faz alusão ao levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, que elenca o RS como o estado da região Sul com o maior percentual de lares que enfrentam a fome.

O quadro de insegurança alimentar é caracterizado por sentir fome e não comer por falta de dinheiro para comprar alimentos, fazer apenas uma refeição ao dia ou ficar o dia inteiro sem se alimentar.

Responsável por aportar R$ 4.046,09 bilhões nos cofres do estado nos últimos 14 anos, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul investiu mais de R$ 40 bilhões no setor produtivo regional, somente em 2021. Recursos destinados para áreas como Construção Civil, Metalurgia, Comércio Varejista e atacadista. “Os números por si já justificam a manutenção do Banrisul Público”, aponta a secretária-geral do SindBancários, Sílvia Chaves.

“Os indicadores do banco fundamentam sua manutenção enquanto instituição financeira pública. Resta agora que o governador mantenha a promessa feita durante a campanha eleitoral. Vamos cobrar”, garante a dirigente bancária.

Fonte: SindBancários POA e Região


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