Entre 150 e 215 trabalhadores foram resgatados de alojamento de empresa que terceirizava mão de obra de vinícolas na Serra
Uma ação conjunta da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal resgatou, a partir da noite de quarta-feira (22), trabalhadores em situação análoga à escravidão que atuavam na colheita da uva e no abate de frangos em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
De acordo com o MPT-RS, cerca de 215 homens foram encontradas em más condições de alojamento. Já a PRF calculou em 150 o número de pessoas resgatadas. Eles trabalhavam para uma empresa que fornecia mão de obras para grandes vinícolas da região, que não tiveram os nomes divulgados pelos órgãos de inspeção.
A operação foi deflagrada após três trabalhadores procurarem policiais na Unidade Operacional da PRF em Caxias do Sul e informarem que tinham acabado de fugir de um alojamento em que eram mantidos contra sua vontade. A PRF acionou o MTE e a PF, que se deslocaram ao endereço indicado — uma pousada na Rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves — e confirmaram a informação.
De acordo com as denúncias que deflagraram a operação, os trabalhadores teriam sido submetidos a jornadas exaustivas, recebiam comida imprópria para consumo, só podiam comprar produtos em um único estabelecimento, com desconto salarial e preços elevados, e eram mantidos vinculados ao trabalho por supostas “dívidas” contraídas com o empregador.
Os homens, na maioria provenientes da Bahia, eram recrutados nos seus estados de origem para trabalhar no Rio Grande do Sul e, ao chegar no local, encontravam uma situação diferente da prometida pelos recrutadores.
Segundo a PRF, o responsável pela empresa que mantinha os trabalhadores nestas condições foi preso e encaminhado para a Polícia Federal em Caxias do Sul. Ele tem 45 anos de idade e é natural de Valente/BA. A empresa possui contratos com diversas vinícolas da região.
Ao longo desta quinta-feira, procuradores do MPT-RS colheram depoimentos de pessoas alojadas no local. O órgão também está auxiliando nos trâmites de regularizações e na negociação com empregadores para pagamento de verbas rescisórias e garantia de transporte de retorno para os trabalhadores.
Fonte: Sul 21