Nesta terça-feira (27/06), foi realizada mais uma plenária para tratar de teletrabalho, em especial das mudanças anunciadas pelo Banrisul nas áreas de TI: o Banco decidiu limitar, a partir do dia 1º de julho, o sistema em 15/15, ou seja, 15 dias de trabalho presencial e 15 de home office. Cerca de 230 pessoas participaram da reunião virtual.

Os Banrisulenses não aprovam a medida considerada injusta e que não condiz com a realidade atual, por exemplo, dos profissionais da T.I. Estes trabalhadores técnicos, os quais exerceram home office em tempo integral ao longo da pandemia, alcançam produtividade e atendem as demandas do Banco. Em dezenas de outros setores do Banco, a demanda represada segue no sentido contrário, pela ampliação dos dias de teletrabalho.

O Comando já solicitou a suspensão da alteração unilateral e a melhoria das condições de trabalho, abertura de diálogo mais aprofundado sobre o TI e fornecimento de mais informações. O pedido foi feito por ofícios encaminhados ao Banrisul.

O presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, abriu a plenária esclarecendo sobre os movimentos feitos via sindicato e Fetrafi-RS para atender às demandas dos colegas. Disse que o Comando negocia a implantação do teletrabalho no Banrisul desde 2020. Naquele período de pandemia foi realizado um acordo emergencial com os bancos, que salvou muitas vidas. Na sequência foi construído um primeiro acordo específico de teletrabalho junto ao Banrisul, considerado à época um dos melhores do País, afirmou o dirigente. Na renovação de teletrabalho no ano passado, avançou a discussão com o Banrisul no sentido de ampliar a possibilidade do teletrabalho integral, além da renovação do acordo de ponto eletrônico e do banco de horas.

O atual momento, segundo o presidente do Sindicato, é de cobrar a ampliação do teletrabalho, pois há unidades que nem têm esta opção. Por isso, o movimento sindical solicitou um mapeamento das áreas de interesse do Banco para o teletrabalho. “O tema diz respeito a todos, não só a TI, mas é evidente que na TI esse trabalho em home office é possível”, pontuou. “O Banrisul, alegando irregularidades e baixa produtividade, veio na contramão, anunciando redução no que já estava consolidado nas áreas de TI”, finalizou Fetzner.

A união fortalece a luta

Insatisfeitos com a situação criada a partir da mudança de regime de trabalho, alguns colegas vêm falando em sair do Banco ou em negociar o home-office diretamente com o patrão, o que é desaconselhado pelo Sindicato. “A situação é urgente. A fuga de profissionais já está acontecendo e alguns dos novos nem colocaram o pé no Banco e já estão querendo sair por conta do desrespeito com que estão sendo tratados”, afirmou um dos empregados da TI presente na plenária.

Os dirigentes sindicais ressaltaram a importância da luta coletiva, apontando que toda vez que acontecem movimentos como este é que o sindicato ganha força. A ação do SindBancários parte das experiências passadas. “É sobre apostar no que sempre deu certo: a unidade”, afirmou Fetzner, sobre a importância da união dos trabalhadores em torno de suas pautas.

“É importante a gente saber que estamos lidando com uma gestão que recentemente fechou a Agência Digital, na contramão de uma era tecnológica. Historicamente, ações acabaram colocando colegas contra colegas e não é diferente com a pauta de home office, colocando DG x TI, TI experientes x Novos da TI. Isso enfraquece a luta”, afirmou a secretária-geral do SindBancários, Silvia Chaves. “Confiem no Sindicato e não tentem aventuras solitárias”, pediu a dirigente.

Para a diretora de Cultura e Sustentabilidade do Sindicato, Ana Guimaraens, com a convocação para o trabalho presencial, o Banco vai acabar perdendo seus talentos. “Isso é mais uma medida para sucatear o Banrisul. A ideia do banco público não é que exista rotatividade, é que as pessoas fiquem e ganhem uma expertise para ajudar no crescimento da instituição”, frisou.

Reivindicações

Em mais de duas horas de plenária, os Banrisulenses apresentaram uma série de argumentos contra a mudança no regime de trabalho. Entre outras questões, defenderam que não há queda de produtividade no home office, ao contrário. Além disso, não há espaço físico para acomodar todos os trabalhadores no prédio da Diretoria Geral do Banrisul. “Tem colega dividindo mesa”, apontou um dos participantes da reunião.

Também surgiram problematizações sobre o questionável uso do teletrabalho com critério de “premiações”, sobre o porquê de o Data Center estar de fora do home office, sobre por qual razão o projeto de cowork está estagnado.

Pela frente

Como encaminhamentos da plenária os banrisulenses consensuaram a organização de ações coletivas progressivas, na intenção de que o Banrisul se sensibilize frente às justas demandas de seus empregados e empregadas. Em um debate criativo, o uso de balões, panfletos, telas desligadas, reuniões virtuais ou presenciais em massa, formas variadas de retardo, dias de cor, execução simultânea de músicas, foram algumas das soluções propostas, provando que a luta coletiva tem capacidade de sempre se reinventar.

“Muitos colegas se mostraram inclusive dispostos a construírem protestos em frente ao Banco, chegando a ser citada a famosa kombi de som do sindicato e até mesmo apitaços, como alternativas mais incisivas. Espero que não seja necessário se chegar a tanto, visto que se trata de demandas justas e compreensíveis as trazidas pelos colegas, que através do diálogo podem ser certamente acomodadas”, finalizou o presidente do SindBancários, apostando no bom senso da direção do Banrisul.

Fonte: Bancários RS


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